Coldplay brilha em performance de “Coloratura” no The Howard Stern Show

Direto do Apollo Theater, a banda também apresentou "Viva La Vida" e "Fix You", além de se abrir sobre questões envolvendo carreira e vida pessoal

24 setembro, 2021

Passando uma temporada em Nova York para divulgar o single “My Universe” e o álbum “Music Of The Spheres”, Coldplay participou do “The Howard Stern Show”. A atração é um programa de rádio transmitido, nos Estados Unidos e no Canadá, pelo app “SiriusXM”.

Um dos destaques da participação da banda, foi a apresentação de “Coloratura”, faixa lançada em julho deste ano. Com mais de 10 minutos de duração, a música é bastante celebrada por fãs e por crítica, e é a responsável pelo encerramento do álbum que o Coldplay lançará no dia 15 de outubro. Até agora, a faixa se junta a “Higher Power” e “My Universe” entre as únicas canções do novo álbum que já estão disponíveis nas plataformas digitais.

No The Howard Stern Show, a banda foi questionada se os tantos anos de carreira ajudam com o nervosismo na hora de levar uma música de mais de 10 minutos para um palco. Will Champion, então, brincou que eles ensaiaram a faixa um pouco mais de duas vezes – e acrescentou que acha legal se sentir desafiado. Gravada no Apollo Theater, a performance impressiona pela harmonia entre Chris, Guy, Jonny e Will, além de se destacar por mostrar a capacidade da banda em manter a grandeza da música mesmo fora do estúdio.

No mesmo dia, o Coldplay fez uma performance de “Viva La Vida”, faixa ganhadora do Grammy e hit atemporal.  Antes da apresentação, Chris Martin reagiu a um comentário de que o título da canção não é mencionado em nenhum momento na música. “Você não precisa mencionar o título”, disse ele. O vocalista do Coldplay ainda brincou que “Bohemian Rhapsody”, clássico do Queen, não aborda o título ao longo dos versos.

Antes de apresentar “Viva La Vida”, Chris ainda revelou que, apesar do sucesso da canção lançada em 2008, o plano inicial da gravadora do Coldplay era retirar “Viva La Vida” do álbum. Ele ainda opinou que muito da culpa de a música ser um hit se deve ao fato de que a Apple usou a canção em um de seus comerciais logo na época do lançamento.

Por último, a banda também apresentou a bela “Fix You”. Antes de emocionar no palco, Chris contou que, quando o single foi lançado, Phil Harvey deixou a banda por um tempo por conta de problemas de saúde. Além disso, ele compartilhou que foi um período em que a banda tinha problema de relacionamento, questões envolvendo vícios e péssimas críticas. Segundo o vocalista, eles não estavam preparados para um cenário como esse e foi a canção “Fix You” que fez o grupo sobreviver, e continuar unido, naquele momento (algo que fica claro ao assistirmos o documentário “A Head Full Of Dreams”).

Já nas partes dedicadas exclusivamente a entrevista, momentos em que o apresentador deixou o clima um pouco desconfortável por destacar muito o vocalista como compositor, Will Champion revelou que, no início da carreira, não se considerava um músico profissional e, por isso, aprendia muito quando o Coldplay participava de festivais — locais em que ele podia observar diversos bateristas. Ele citou Larry Mullen, baterista do U2, como um bom exemplo de pessoa gentil que sempre compartilhou boas dicas.

Também relembrando o passado, Jonny Buckland contou que receberam diversas dicas ao longo da carreira e destacou que Ian McCulloch, do Echo & the Bunnymen, costumava ir ao estúdio em que o Coldplay estava gravando. “Ele dizia que tipo de canções nós devíamos fazer”, contou Jonny. O guitarrista também relembrou uma experiência em que Bono convidou ele e Will para sua própria casa, e compartilhou diversas opiniões com o guitarrista e o baterista do Coldplay. Na época os dois ainda estavam em início de carreira.

Sobre o primeiro álbum do Coldplay, “Parachutes”, Chris lembrou que quando terminou de escrever “Yellow” foi até Will e Jonny e os dois estavam jogando futebol no videogame (e nem deram bola para a letra).  Will, então, defendeu que a música não tinha a cara que tem atualmente. O baterista comentou que ainda hoje se sente muito mal quando tem que dar opiniões duras sobre as composições do amigo. “É difícil e eu apenas aprendi a ficar calado em alguns momentos porque eu sei que cometi erros no passado ao julgar uma música muito cedo”, confessou, adicionando que não gostou de “Clocks” quando escutou a música pela primeira vez, ele achava que não tinha um refrão. “Ainda não tem (um refrão), mas eu amo”, concluiu.

Refletindo sobre o mesmo tema, Jonny foi questionado sobre como ele reage quando Chris apresenta suas composições — e confessou que não tem muito filtro para essas questões e que, por isso, está sempre otimista de que vai ficar incrível. “Eu apenas fico ansioso para poder tocar a música”, disse o guitarrista. Sobre isso, Chris ainda disse que confia na forma em que o trabalho deles é feito a partir do equilíbrio entre os quatro e Phil Harvey. “Se eu realmente acreditar em algo eu vou trabalhar nisso e, em algum momento, o Will vai dizer: ‘Ok, isso é bom’. É difícil algumas vezes, mas simplesmente funciona no final”, explicou o vocalista.

Quando questionados se ainda gostam de passar momentos juntos mesmo se conhecendo desde a universidade, a banda toda respondeu de forma positiva. Sobre o bom relacionamento de todos, Chris comentou que eles sempre dividiram dinheiro e créditos igualmente, e que isso faz com que todos recebam atenção parecida e que caminhem na mesma direção, o que contribui para que eles continuem juntos.

Sobre o caminho até aqui, o vocalista relembrou os tempos de faculdade e o momento em que escutou Jonny tocar pela primeira vez. Depois que se conheceram melhor, os dois começaram a ensaiar nos banheiros do campus até que Guy surgiu na história. O baixista ficou com uma música na cabeça um dia (depois de ouvir os atuais companheiros de banda tocando a faixa no banheiro no dia anterior), e resolveu se juntar a eles.

Ainda sobre essa fase, Will comentou que todos moravam no mesmo dormitório (mesmo sendo de cursos diferentes) e também falou sobre escutar música em todos os corredores da universidade, o que fez surgir várias bandas na mesma época — e o que faz ele se sentir sortudo por realmente viver de música.

Guy disse que não consegue se imaginar fazendo algo mais divertido e excitante do que estar em uma banda. “Nós já viajamos para tantos lugares. Provavelmente já viajamos mais do que viajaríamos 15 vidas inteiras (se não estivéssemos em uma banda). Mas é claro que há altos e baixos”, comentou o guitarrista, acrescentando que ficar longe da família era mais difícil no passado e que agora eles têm um sistema diferente por conta dos filhos. Guy contou que sempre que é possível eles levam os filhos em alguns shows das turnês. “(Quando isso é possível) nos proporciona uma perspectiva totalmente diferente sobre lugares que estivemos antes, mas que passamos a ver a partir dos olhos de outras pessoas”, refletiu Guy.

Howard, então, opinou que acha perigoso levar filhos em turnês porque eles passam a te olhar de outra forma (quando você os holofotes saem deles e vão para os pais). No entanto, Guy defendeu que acha o oposto, pois eles (filhos) ganham a habilidade de saber dividir os pais ao meio. Will completou que eles têm filhos de diferentes idades e os que já são pré-adolescentes/adolescentes tem o costume de ignorar o que os pais fazem. Portanto, levar eles em uma turnê é uma oportunidade de que se aproximem do que os pais fazem e percebam que algumas pessoas acham aquele um bom trabalho.

Apesar de o programa liberar os vídeos hoje no Youtube, a entrevista foi transmitida há dois dias pelo app SiriusXM. Segundo relatos de fãs que ouviram o programa, Chris Martin adiantou que dois pop stars vão participar da apresentação de “Fix You” durante o show que o Coldplay realizara amanhã, 25 de setembro, no Global Citizen Live. O show no festival será transmitido no canal da Global Citizen no YouTube a partir das 14h (horário de Brasília). Será uma transmissão de 24h de duração e ainda não há informações sobre o horário do show da banda. Clique aqui para ativar o lembrete.

Vitor Babilônia

Vitor Babilônia é Editor-Chefe do Viva Coldplay e Roteirista. Sua formação passa por instituições como Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Vancouver Film School. Ele é fã da banda desde 2004.

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