Em carta aberta, Bono explica por que incluiu “Clocks” em lista de músicas que salvaram sua vida

15 maio, 2020

Já contamos aqui que em seu aniversário de 60 anos, Bono, vocalista do U2, divulgou uma lista intitulada “60 Songs That Saved My Life” (60 músicas que salvaram a minha vida, em português). A surpresa foi revelada no último domingo (10) acompanhada de uma playlist oficial reunindo todas as canções, além de uma carta em que o vocalista explica a iniciativa.

“Estas são algumas das músicas que salvaram a minha vida. Aquelas que eu não poderia ter vivido sem. Aquelas que me levaram daqui até aqui, do 0 ao 60”, conta Bono na carta divulgada no site do U2, e completa: “Eu quero agradecer aos artistas e todos que os ajudaram a fazer (essas músicas). Eles estavam fazendo o mesmo por mim”.

Entre as 60 canções que ‘salvaram’ a vida de Bono está o hit “Clocks” – lançado em 2003 como single do Coldplay e vencedor do Grammy de 2004 na categoria “Gravação do Ano”. Integrante do álbum “A Rush Of Blood to the Head” (2002), a canção aparece no número 47 da lista idealizada por Bono.

A novidade é que nesta sexta-feira (15), o site do U2 divulgou uma carta aberta em que Bono explica por que incluiu “Clocks” na lista de músicas que salvaram sua vida. Você pode clicar aqui para ler a carta em inglês, e pode conferir a tradução na íntegra a seguir.

“Caro Coldplay,
Palavras não conseguem descrever o quanto vocês são incríveis.

Eu poderia ter escolhido YELLOW, pois gosto das raízes folk do seu primeiro álbum, PARACHUTES.

Eu poderia ter escolhido VIVA LA VIDA, que tem uma ótima letra sobre por que a Inglaterra nunca teve uma revolução como a França ou algum lugar do tipo (eu diria que foi por causa do chá, se bebessem café teria acontecido).

Eu escolhi CLOCKS porque eu posso me agarrar nesta música… E acho que ela se agarra de volta em mim. CLOCKS veio na hora certa com seu arpejo estilo Phillip Glass e sua exortação extasiada… Soquei o ar de uma maneira firme, porém sem agressividade… ‘Eles não são uma banda de Rock’, pensei comigo mesmo, ‘tem algo muito mais interessante acontecendo, eles são como The Isley Brothers ou algo parecido’.

Veja bem, fúria é o rio que flui por baixo da maior parte das formações de bandas de Rock. Esta música tem uma fonte diferente, e é revelada nesta canção. Quando eu descobrir o que é isto eu vou escrever outra carta de fã. Seja lá o que for definitivamente é a cura, não a doença.

Bênçãos,
B.”

Além de Coldplay, nomes como Adele, Beatles, Beyoncé, David Bowie, Johnny Cash, Kendrick Lamar, Lady Gaga, Nirvana, Oasis e Prince também têm suas músicas elencadas na lista e receberam cartas que explicam a decisão de Bono. “Estou escrevendo uma carta de fã para acompanhar cada música e tentar explicar meu fascínio”, justificou o vocalista. Leia todas as cartas clicando aqui.

A playlist “Bono – 60 Songs That Saved My Life” já está disponível. Escolha a sua plataforma de streaming favorita e escute!

Bono e Chris Martin: Uma admiração antiga

A admiração de Bono por Coldplay já era pública antes mesmo da divulgação da carta aberta. Em 2001, Bono convidou Chris Martin para participar de uma versão de “What’s Going On” a fim de levantar fundo e promover conscientização a respeito da AIDS, com esforços voltados principalmente para a África. A parceria fez parte de um álbum com várias versões do clássico lançado em 1971 por Marvin Gaye e a versão com Chris, Bono e the Edge foi intitulada de “The London Version”.

Já em novembro de 2013, Chris e Bono se apresentaram no “(RED) auction”, em Nova York, evento que arrecadou quase 13 milhões de dólares para a luta contra a AIDS, a tuberculose e a malária na África. Na ocasião, Chris tocou piano e cantou, enquanto Bono o acompanhou na voz. Os dois apresentaram “Perfect Day”, cover de Lou Reed, e “Beautiful Day”, hit do U2.

Em 2014, Chris ‘substituiu’ Bono no show “World AIDS Day (Red)”. A banda U2 já estava confirmada no evento beneficente que aconteceria na Times Square, mas Bono se envolveu em um acidente de bicicleta, no Central Park, e escalou nada menos do que Chris Martin e Bruce Springsteen para evitar que a performance solidária fosse cancelada. Na ocasião, Chris se juntou ao U2 para cantar as canções “Beautiful Day” e “With or Withou You”. Bem humorado, o vocalista do Coldplay usou uma camiseta que brincava com o nome da banda (U2) e a palavra “substituto”.

No mesmo ano, Chris também fez backing vocals em “Iris (Hold me close)”, música que integra a tracklist de “Songs of Innocence” – álbum lançado pelo U2 em 2014. Em entrevista realizada no mesmo ano para o the Sun Newspaper, Bono chamou Chris de “gênio” e o classificou como um dos ‘guarda-costas’ do U2, além de creditar o fato de a canção não ser “meia boca” por conta da participação de Martin.

Três anos depois, em novembro de 2017, Chris e Bono participaram do programa Jimmy Kimmel Live e divulgaram a organização global (RED) e sua campanha de arrecadação de fundos para o Dia Mundial de Luta contra a AIDS. Na atração estadunidense, o vocalista do Coldplay e o vocalista do U2 se juntaram para realizar uma bela performance de “One For My Baby”, canção originalmente interpretada por Frank Sinatra.

A próxima interação entre U2 e Coldplay talvez apareça quando Bono escrever outra carta falando sobre “Clocks” – já que ele contou que ainda está refletindo sobre a fonte que dá vida ao hit. Até lá, ficamos com as palavras dele, de que a força da música realmente representa a cura, e não a doença.

Informações do site oficial do U2. Foto via Getty Images

Vitor Babilônia

Vitor Babilônia é Editor-Chefe do Viva Coldplay e Roteirista. Sua formação passa por instituições como Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Vancouver Film School. Ele é fã da banda desde 2004.

error: Content is protected!