“Brothers and sisters, unite, it’s the time of your lives”
Formação e os primeiros anos da banda (1996 – 1999)
Os membros do Coldplay se reuniram pela primeira vez em um dos dormitórios da Universidade de Londres, em 1996. Os primeiros passos para a formação de um conjunto musical foram dados quando Chris Martin e Jonny Buckland se conheceram, e isso aconteceu na primeira semana de aula. O restante do ano foi ocupado com o planejamento para formar a banda. O resultado foi uma ‘boyband’ chamada Pectoralz.
Mais tarde, Guy Berryman, que estudava na mesma faculdade, juntou-se ao grupo. Em 1997, eles já se apresentavam em pequenos clubes, contratados por promotores de eventos. Nesse período, abandonaram as suas aspirações anteriores e mudaram o seu nome para Starfish. Mais tarde, eles admitiriam que este era um nome de péssimo gosto.
No início de 1998, o time finalmente ficou completo quando Will Champion assumiu a bateria. Multi-instrumentista, Will cresceu ao som do piano, guitarra, baixo e tin whistle (uma flauta tradicionalmente tocada na Irlanda) e, apesar da pouquíssima experiência com percussão, rapidamente aprendeu a tocar bateria. Com os integrantes já escalados, o que estava faltando era um nome aceito por todos. Tim Crompton, um amigo da faculdade, permitiu que Jonny, Guy, Will e Chris usassem o antigo nome de seu grupo, “Coldplay”, já que o considerava “excessivamente depressivo”. O nome vem de um livro de Philip Horky, cujo primeiro poema chamava-se “Child’s Play” e o último, “Cold Reflections”.
From the start of the first page
Em meados de maio de 1998, foram lançadas 500 cópias do EP “Safety”, financiado por Phil Harvey (que na época já era amigo de Chris Martin e que hoje é conhecido como quinto membro do Coldplay). A maioria das cópias foi destinada aos amigos e rádios, enquanto cerca de 50 unidades foram destinadas às lojas.
“Safety” rendeu ao grupo uma apresentação no “In the City Musical Festival” (Manchester), performance que chamou a atenção de Debs Wild — da Universal Record. Ela, que hoje gerencia o site oficial da banda, apresentou o som da banda para Simon Williams, da Fierce Panda. Como consequência, o Coldplay gravou o primeiro e único trabalho com este selo independente, o EP de três faixas “Brothers and Sisters”. Lançado em abril, a sua tiragem inicial foi de 2500 cópias. Mesmo com as poucas unidades, o EP foi responsável por aumentar o burburinho sobre a banda e levou o Coldplay para a programação de importantes rádios britânicas.
Já no final de 1999, a banda assinou um contrato com a Parlophone. Após a primeira performance no Festival Glastonbury, o grupo voltou aos estúdios para a gravação de um terceiro EP, o “Blue Room”. Dessa vez, 5000 cópias foram para as lojas e “Bigger Stronger”, primeira faixa do disco, começou a tocar nas rádios — fazendo com que o Coldplay começasse a se firmar no cenário musical.
Confidence in you is confidence in me
O processo de gravação do “Blue Room” foi tumultuado. Chris expulsou Will da banda, mas, arrependido, implorou para que o baterista retornasse. Com os desentendimentos resolvidos, foram estabelecidas regras para que a banda pudesse continuar. Para começar, foi decidido que o Coldplay atuaria de forma igualitária, ou seja, todos os lucros seriam divididos em quatro partes iguais, seguindo o exemplo do A-ha, do U2 e do REM. Entre as regras, também estava determinado que estaria fora qualquer integrante que usasse “drogas pesadas”.
In you I find proof
Nesse período os integrantes já deixavam claro que o Coldplay enxergava a banda norueguesa A-ha como uma de suas referências. “Aos 12 anos, ‘Hunting High and Low’ estava sempre em minha mente e o A-Ha continua a ser uma importante banda para mim”, afirmou Chris Martin na época. Inclusive, o estilo de Chris foi comparado diversas vezes com o do vocalista do A-Ha, Morten Harket. “É que Harket costumava ter várias coisas penduradas nos pulsos e eu ainda faço isso, mas ele ainda é o homem mais bonito que você encontrará”, brincou Martin sobre as comparações. Antes do primeiro álbum muito se falou sobre outra influência, a da banda também britânica Radiohead. Muitos dizem que a forma que o vocalista Thom Yorke canta influencia a forma que Chris canta.
“All that we fought for”
Parachutes (1999-2001)
Seguindo o contrato que foi assinado com a gravadora Parlophone em 1999, a banda começou a trabalhar no disco no mesmo ano. Por conta de diversos compromissos, incluindo shows e performances ao vivo, a conclusão da gravação – que estava prevista para duas semanas – foi postergada e a banda ficou no estúdio até maio de 2000. Um dos fatores que atrasou a obra foi a troca dos produtores: saiu Chris Allison e entrou Ken Nelson. O segundo produziu quase todas as faixas do álbum, com exceção de “High Speed” – que foi assinada por Allison.
Se após o lançamento de três EPs o grupo não havia alcançado as paradas, essa situação mudou com “Shiver”. Em março de 2000, a canção alcançou a 35ª posição no Reino Unido. A faixa também marcou a primeira vez um clipe do Coldplay foi exibido pela MTV.
Em junho de 2000, quando o Coldplay embarcou na sua primeira turnê, a banda vivia um momento até então inédito na carreira. “Yellow” chegava ao quarto lugar nas paradas britânicas e apresentava a banda ao mundo. Pouco depois, no dia 10 de julho, o disco “Parachutes” chegou às lojas. O trabalho é a fonte de vários sucessos da banda, entre eles os já citados “Shiver” e “Yellow”, além de “Trouble” e “Don’t Panic”.
A trajetória comercial do álbum é marcada por bons números, incluindo o número um no Reino Unido e a conquista de sete discos de Platina por lá. Ainda em casa, o disco garantiu ao Coldplay o troféu de “Melhor Álbum Britânico” na cerimônia de 2001 do Brit Awards. Tendo conquistado o público europeu, a banda começou a se concentrar na América do Norte. Um ano depois do lançamento do álbum o Coldplay fez uma série de shows em clubes estadunidenses. Como resultado, o “Parachutes” chegou ao 51º lugar na parada Billboard 200 e se consagrou vencedor da categoria “Melhor Álbum de Música Alternativa” na edição de 2002 do Grammy.
“Where Do We Go To Draw The Line”
A Rush Of Blood To The Head (2001-2004)
O Natal de 2002 presenciou o lançamento do tão esperado sucessor de “Parachutes”, “A Rush of Blood to the Head”. O regresso aos estúdios havia acontecido no mês de outubro do ano anterior.
A satisfação com o material do CD foi geral, exceto pela própria banda. “Estávamos contentes com o álbum, mas, então, percebemos que algo não estava certo”, lembra Jonny. “Estava bom, mas não o suficiente”, afirmou Chris, que completou: “Voltamos para Liverpool, onde boa parte do último disco foi gravada. Músicas como ‘Daylight’, ‘A Whisper’ e ‘The Scientist’ surgiram rapidamente nesse período. Estávamos totalmente inspirados”.
Antes de finalizar o segundo álbum de estúdio do Coldplay, Chris visitou o Haiti e a República Dominicana em missões sociais para divulgar a “Make Trade Fair”, campanha da Oxfam. Na viagem, o vocalista do Coldplay conheceu produtores que sofrem consequências injustas provocadas pelas leis do mercado que colocam seus produtos em desvantagem no comércio com países ricos, potências que também exploram a mão de obra desses países. A viagem não atrapalhou as gravações e a campanha ganhou o apoio de toda a banda. “Todos aqueles que têm uma posição como a nossa têm uma certa responsabilidade”, explicou Guy na época, e completou: “Podemos conscientizar as pessoas de algumas questões”.
Em agosto de 2002 o disco foi finalmente lançado. Com uma lista de faixas impecável, o álbum contou com quatro singles: “In My Place”, “The Scientist”, “Clocks” e “God Put a Smile upon Your Face”. Assinada pelo fotógrafo Sølve Sundsbø, a capa da obra teve como pontapé inicial uma imagem que o vocalista Chris Martin viu em uma revista de moda. Para chegar no resultado que conhecemos, o fotógrafo usou uma máquina que digitalizava até 30 centímetros (por isso a imagem do rosto não é visualizada por completo).
Em entrevista à Folha de S. Paulo na época, Guy falou sobre o álbum. “Acho que o ‘A Rush Of Blood To The Head’ revela uma banda mais confiante. Os dois [primeiros] discos têm o mesmo elemento, canções apaixonadas. Mas as faixas do novo álbum são mais rápidas. Tentamos combinar intimismo e intensidade porque sabíamos que este disco ia nos colocar na estrada por muito tempo. E ao vivo queríamos algo mais pesado”, afirmou o baixista.
No Reino Unido, a obra estreou direto no topo das paradas e vendeu mais de 270 mil cópias na primeira semana. Nos Estados Unidos, o disco alcançou a 5ª posição na semana inicial de vendas – acumulando cerca de 144 mil cópias vendidas nesse período e superando o antecessor tanto em vendas, quanto em colocação. A boa repercussão destacou a banda nas listas das maiores premiações musicais. No Reino Unido, a banda venceu Melhor Álbum Britânico na edição de 2003 dos BRIT Awards. No mesmo ano, mas nos Estados Unidos, a banda se destacou no Grammy. O álbum venceu a categoria Melhor Álbum de Música Alternativa e a música “In My Place” levou o troféu de Melhor Performance de Rock por um Duo ou Grupo. Essa edição também marcou a primeira apresentação do Coldplay na premiação estadunidense. A banda se apresentou ao lado da orquestra filarmônica de Nova Iorque e fez uma apresentação poderosa da faixa “Politik”. E a relação do álbum com o Grammy não parou por aí. Em 2004, o hit “Clocks”, faixa integrante do “A Rush Of Blood To The Head”, venceu a categoria Gravação do ano.
Pouco mais de um ano após o lançamento do álbum, a turnê A Rush Of Blood To The Head rodou o mundo. Os shows passaram pelo Brasil e marcaram a primeira vez da banda por aqui. As apresentações aconteceram nos dias 3 e 4 de setembro de 2003, a primeira data em São Paulo (no Via Funchal) e a segunda no Rio de Janeiro (ATL Hall).
A turnê destacou um Coldplay mais maduro e um DVD foi fruto dessa época. Gravado no Hordern Pavillion, em Sydney, o “Live 2003” inclui o show na Austrália e um documentário com imagens dos bastidores e de outros shows ao redor do mundo.
“The wheels just keep on turning”
X & Y (2004-2006)
Em 2004, o Coldplay deixou de ser o centro das atenções da mídia, já que grande parte do ano foi ocupada com um merecido descanso e a composição de um terceiro disco. Ainda assim, o público não ficou muito tempo sem notícias. Em maio, a banda divertiu os fãs com um vídeo realizado para comemorar o nascimento de Apple, primeira filha de Chris Martin com a sua então esposa Gwyneth Paltrow. A bem humorada gravação mostra os integrantes do Coldplay acompanhados de seu então produtor Ken Nelson tocando e dançando um rap. No registro, eles atuam como uma banda fictícia chaada de The Nappies.
A composição do “X&Y” começou logo que a turnê do álbum anterior terminou. Na época, Chris e Jonny foram compor em Chicago e voltaram para Liverpool com demos para que todos trabalhassem, junto com Ken Nelson. Determinados a evitar longas horas de gravação, eles trabalharam com calma, cada um indo ao estúdio apenas para adicionar um toque pessoal às músicas.
Foi só no segundo semestre de 2004 que perceberam que havia algo de errado. “Estava tudo meio… Simples demais”, relatou Will completando que “o que é bom jamais vem facilmente. Não havia paixão nem energia”. “O que estávamos fazendo não era bom o suficiente. Parecia não haver interação nenhuma entre nós. Você pode ficar obcecado em chegar à perfeição, mas não pode esquecer o que realmente importa”, opinou Jonny na época. O vocalista Chris Martin também revelou descontentamento com o resultado alcançado no estúdio e afirmou que “não havia identidade”. “Decidimos abandonar tudo e voltar para os estúdios pequenos, com cerveja no chão e nomes de bandas rabiscados nas paredes e simplesmente tocarmos juntos”, completou Martin.
Como consequência, as canções que o Coldplay havia passado um ano gravando foram modificadas até que eles encontraram nos novos sons a dinâmica que já conheciam como referência. Pela primeira vez naquele ano, os quatro amigos finalmente aproveitaram a companhia um do outro com consciência de que não seria fácil, mas seria mais leve. Jogaram futebol e beisebol; saíram para jantar juntos e fizeram vídeos engraçados para o site oficial. “Para ser uma grande banda, você tem que tocar junto”, brincou Jonny ao lembrar dessa época.
Na volta aos estúdios, algumas músicas foram retrabalhadas e novas canções foram adicionadas, dessa vez contando com o trabalho de Danton Supple, profissional que já havia mixado o álbum anterior (“A Rush of Blood to the Head”). No começo de janeiro, Chris viajou para Gana para continuar o compromisso social pessoal e do Coldplay com a iniciativa Make Trade Fair (Campanha a favor de um comércio justo entre os países). Na época, o vocalista visitou agricultores pobres no norte do país e viu de perto as condições de vida deles – resultado da mão de obra barata que Europa e Estados Unidos conseguiam na região e que injustamente transformavam em lucros exorbitantes, sem garantir retorno para os nativos explorados.
Com isso em mente, o vocalista retornou aos estúdios e o Coldplay seguiu com mais algumas semanas de trabalho árduo. Esse período resultou em três novas músicas incluídas no repertório. Uma delas era “A Message”, faixa descrita por Chris como “um presente inesperado”. “Eu acordei no meio da noite, corri escada abaixo e esta música veio pronta, como uma visita que chega tarde da noite. Fiquei muito empolgado”, definiu o vocalista.
Ao longo da maratona de 18 meses de gravação, a banda enfrentou questões pessoais oscilantes e viu as ações da gravadora EMI despencarem – o que influenciaria nos lucros do álbum. Mesmo assim, esses meses resultaram no aguardado “X&Y”. O terceiro álbum de estúdio da banda foi lançado no começo do mês de junho do ano de 2005. Foi o disco mais vendido de 2005 e chegou ao primeiro lugar em cerca de 28 países, incluindo no Reino Unido e Nos Estados Unidos.
Antes do lançamento, em abril, o público já tinha conhecido o single “Speed of Sound”. Segundo a banda, a canção foi inspirada por “Running up that Hill”, da também britânica Kate Bush. Mesmo com uma recepção calorosa, o primeiro single do álbum não conseguiu o topo das paradas no Reino Unido. A faixa amargou a segunda posição contra o hit momentâneo “Crazy Frog”, de Axel F.
Com doze faixas e mais uma escondida (“Til Kingdom Come”), o “X&Y” contou com seis singles. Além do já citado “Speed of Sound”, a banda ainda trabalhou “Fix You”, “Talk”, “The Hardest Part”, “What If” e “White Shadows”. Enquanto os dois últimos foram lançados apenas como singles promocionais, os quatro primeiros repercutiram positivamente – com destaque para “Fix You”, faixa que ainda hoje é classifica como um dos maiores sucessos da banda.
Seguindo a trajetória de divulgação do álbum, de junho de 2005 a julho do ano seguinte, o Coldplay passou por diversos países com a “Twisted Logic Tour”. A banda ainda marcou presença em festivais como Coachella, Glastonbury, Austin City Limits Music e Live 8. No último o Coldplay inovou na setlist e, além dos sucessos, apresentou uma versão de “Bittersweet Symphony” com a participação de Richard Ashcroft.
No Brit Awards de 2006, o Coldplay ganhou os prêmios de melhor álbum com “X&Y” e gravação do ano (“Speed Sound”). Discussões acaloradas foram geradas pelos comentários de Chris durante o seu discurso de agradecimento. “Este prêmio significa muito para nós, especialmente agora. Vocês não vão nos ver por um bom tempo”, disse o vocalista na época. Pouco depois ele precisou se explicar e esclarecer que, na realidade, aquele não era o prenúncio do fim da banda.
A era deu vida ao shows da “Twisted Logic Tour” – que é, até hoje, a única turnê do Coldplay que não recebeu o nome do álbum da qual ela promovia. A turnê passou pelo Brasil nos dias 26, 27 e 28 de fevereiro de 2007. As três apresentações foram realizadas no extinto Via Funchal, na capital paulista, e marcaram o finalzinho da turnê (depois dos shows no Brasil a “Twisted Logic Tour” contou apenas com mais duas apresentações na Cidade do México).
“Now the old king is dead long live the king”
Viva La Vida (2006-2008)
O quarto álbum do grupo foi lançado no dia 12 de Junho de 2008 nos Estados Unidos. Martin afirmou que escolheu o nome após vê-lo em um quadro da artista mexicana Frida Kahlo. “Ela passou por muita coisa, claro, e aí começou uma grande pintura em sua casa que dizia ‘Viva la Vida or Death and All His Friends’. Eu simplesmente amei a ousadia disso”, disse o cantor, se referindo à Frida, que teve diversos problemas de saúde.
O quarteto inglês visitou igrejas góticas de Barcelona para gravar vocais para o seu novo álbum. Sobre o novo trabalho, Dave Holmes, empresário do grupo, garante que esse seria um lançamento revolucionário. “Eu acho que é o melhor álbum da banda. É um disco fantástico. Eles realmente conseguiram”, disse ele à Billboard.
O primeiro single, “Violet Hill”, foi disponibilizado para download gratuito exclusivamente no site oficial da banda. Isso aconteceu no dia 29 de maio de 2008 e pouco depois já tinha sido baixado por mais de 600 mil pessoas. “A primeira frase dessa música é o primeiro verso que a gente escreveu juntos na vida”, disse Chris ao comentar a faixa. Ainda sobre “Violet Hill”, o single tem dois vídeos. O segundo, e menos conhecido, destaca políticos como George W. Bush, Tony Blair, Fidel Castro, Barack Obama e Hillary Clinton dançando ao som da música.
Quando chegou ao mundo, o álbum ocupou os primeiros lugares na lista dos mais vendidos em mais de 36 países. Nos Estados Unidos, foram vendidas 316 mil cópias no primeiro dia e 720 mil na primeira semana. No Reino Unido, o álbum vendeu 125 mil cópias no primeiro dia e um total de 302.074 cópias nos primeiros três. Em todo o mundo foram vendidas mais de 500 mil cópias apenas nos primeiros dez dias, batendo assim o recorde de vendas no Reino Unido e superando o álbum X&Y, lançado pelo Coldplay em 2005. Outra conquista do disco foi ocupar a posição de disco com mais downloads até então.
Com tanta repercussão, a banda teve a oportunidade de promover cinco singles: “Violet Hill”, “Viva la Vida”, “Lovers in Japan”, “Lost!” e “Strawberry Swing”. “Viva la Vida” fez um barulho gigantesco ao redor do mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, a música chegou ao topo da disputada lista Billboard Hot 100 – até hoje essa é única canção da banda que conseguiu o número 1 por lá. No Reino Unido, a faixa também foi a primeira da banda a chegar ao topo, mas, diferente do território estadunidense, em casa a banda já conquistou outro número 1 (foi em 2011, com “Paradise”).
Na 51ª edição do Grammy, o Coldplay recebeu o maior número de indicações da cerimônia – sete ao todo. O “Viva La Vida Or Death And All His Friends” foi indicado a Álbum do Ano e Melhor Álbum de Rock. Já a música “Viva La Vida” foi indicada a Gravação do Ano, Canção do Ano e Melhor Performance Pop por Duo ou Grupo. Por último, a faixa “Violet Hill” foi indicada nas categorias Melhor performance de Rock por Duo ou Grupo e Melhor Música de Rock. Como resultado, o Coldplay levou três gramafones: Canção do Ano, Gravação do Ano e Melhor Álbum de Rock.
Dessa era surgiu a Viva La Vida Tour, turnê que marcou a transição dos shows intimistas para estádios lotados. Com uma estrutura grandiosa, a banda percorreu o mundo entre junho de 2008 e março de 2010. Eles vieram ao Brasil em fevereiro de 2010, passando por Rio de Janeiro e São Paulo (com um show em cada).
“We’ll be glowing in the dark”
Mylo Xyloto (2011-2013)
A era “Mylo Xyloto” começou ainda em 2009, já que foi nesse período que a banda iniciou as gravações do álbum — ainda no meio da “Viva La Vida World Tour”. O quinto disco de estúdio do Coldplay seria lançado em dezembro de 2010, como uma “entrada de década”, mas foi adiado para 2011. A ideia original era compor um disco totalmente acústico, mas esse objetivo logo foi abandonado pela banda. Algumas músicas, por exemplo “Us Agaisnt the World”, são remanescentes do projeto inicial.
Com a mudança de planos, o “Mylo Xyloto” se revelou um álbum conceitual, uma experiência única na carreira da banda — incluindo uma narrativa em quadrinhos. A concepção original passa por uma sociedade distópica que recrimina cores. Liricamente, o trabalho foi inspirado pela “antiga escola americana de grafite”, pelo “Movimento Rosa Branca” e a série “The Wire” (HBO). Com muitas referências, no dia 12 de Agosto de 2011 a banda anunciou, através de seu site oficial, que “Mylo Xyloto” seria o título do quinto álbum. O nome “Xyloto” se refere, em inglês, às palavras xylophone (xilofone) e toe (dedo). Foi um título criado pelos integrantes com a ideia de que seria algo original, usado apenas pela banda. Essas, que eram duas palavras inexistentes no Google, pouco depois passaram a apresentar mais de 2.340.000 resultados de busca na plataforma.
O disco foi concluído no dia 9 de Setembro de 2011 e, em seu processo de criação, contou com a produção de Markus Dravs, Daniel Green, Rik Simpson e Brian Eno. Já com tudo pronto para o lançamento oficial, o álbum vazou na internet no dia 17 de outubro de 2011 — dois dias antes da data de estreia no Japão e nove dias antes do lançamento mundial. Mesmo com a surpresa desagradável, o cronograma permaneceu e o álbum foi lançado nos formatos digital, CD , vinil e uma versão especial limitada (com uma capa dura contendo grafite pop-up desenhado por David A. Carter, além de vinil, CD e conteúdo exclusivo com fotos, relatos de estúdio, trechos de música e diários dos integrantes da banda).
O vazamento não atrapalhou a estreia do álbum, já que “Mylo Xyloto” viveu a sua primeira semana no topo no Reino Unido – vendendo 208 mil cópias físicas e 83 mil downloads nos sete dias iniciais. Isso o consagrou como o quinto disco da banda a alcançar o número 1 por lá. Nos Estados Unidos, a obra também foi um sucesso e vendeu 447 mil cópias na primeira semana, o que garantiu ao trabalho o primeiro lugar e marcou o terceiro número 1 da banda na Billboard 200. O sucesso em território estadunidense levou o álbum ao Grammy Awards. Na 54ª edição, em 2011, “Paradise” foi indicada a Melhor Performance Pop por Duo ou Grupo e “Every Teardrop Is A Waterfall” a Melhor Performance de Rock. No ano seguinte, na 55ª edição, o álbum “Mylo Xyloto” foi indicado a Melhor Álbum de Rock e a faixa “Charlie Brown” foi indicada a Melhor Performance de Rock. E não foi só os maiores mercados da banda que exaltaram o disco. O trabalho foi número 1 em diversos países, entre eles Austrália, Bélgica, Canadá, França, Itália, México e Suíça. No Brasil, a posição mais alta foi a 5ª. Os números iniciais foram estimulados pelo fato de que quando o álbum foi lançado ele já contava com o single de sucesso “Every Teardrop Is a Waterfall”, além do grande hit “Paradise”. Além dos dois, o álbum ainda promoveu os singles “Charlie Brown”, “Princess Of China”, “Hurts Like Heaven” e “Up in Flames”.
Um dos destaques da era foram as histórias em quadrinho lançadas a partir de fevereiro de 2012. As revistinhas contam a história de Mylo e de todo o universo do personagem — contexto que inspirou a construção do disco e da turnê. A era ganhou a estrada com a “Mylo Xyloto Tour”. Uma prévia da turnê foi vista em outubro de 2011, no festival Rock in Rio (Brasil), mas foi no dia 26 do mesmo mês que os shows realmente começaram. A tour passou pela Europa, América do Norte e Oceania. A América Latina ficou de fora de uma forma dramática. No dia 16 de novembro de 2012 a banda anunciou o cancelamento da turnê por aqui e isso aconteceu três dias após o anúncio dos shows. O Brasil receberia dois shows em fevereiro de 2013, um em São Paulo e outro em Porto Alegre. A banda publicou, em seu site oficial, um comunicado. “Com muita tristeza nós fomos forçados a adiar a nossa recém-anunciada tour na América Latina devido a circunstâncias inesperadas”, dizia o texto. Foi nessa turnê que a banda começou a adotar pulseiras de LED chamadas “Xylobands” – dispositivo que possui uma grande variedade de cores e que opera em sincronia com as músicas tocadas nos shows.
“In the darkness before the dawn
Leave a light, a light on”
Ghost Stories (2014)
Em 2014, as cores ficaram de lado e uma nova era se iniciou. Em seu sexto álbum, “Ghost Stories”, Coldplay retorna a uma atmosfera melancólica, porém com influencias da música eletrônica. “Magic” foi o primeiro single oficial e chegou ao mundo no dia 3 de março daquele ano. Uma semana antes a banda já havia divulgado o clipe de “Midnight”. Em abril, a banda anunciou uma caça ao tesouro internacional que revelaria as letras das outras músicas do álbum. As cartas, escritas a mão por Chris Martin, foram colocadas em livro de histórias da fantasmas ao redor do mundo e a banda fez tweets com pistas da localização de cada manuscrito. Os envelopes foram encontrados em livrarias da Cidade do México, Singapura, Helsinque, Barcelona, Dartford, Nova York, Tauranga, Dublin e Joanesburgo. Um dos envelopes ainda contava com um Golden Ticket permitindo que a pessoa fosse, como convidada, ao show que a banda realizaria em julho daquele ano no Royal Albert Hall.
No dia 12 de maio, uma semana antes do lançamento oficial, a banda disponibilizou um vídeo-animação com as nove faixas do “Ghost Stories” para streaming no iTunes. Antes disso, algumas pessoas já tinham ouvido a íntegra do álbum em shows realizados nos dias 21, 22 e 23 de março, em Los Angeles. Na data, a banda gravou um especial que foi lançado em DVD/Blu-ray em novembro do mesmo ano com o título de “Ghost Stories Live 2014”.
Quando finalmente foi lançado, em 19 de maio de 2014, o álbum “Ghost Stories” mostrou o resultado de um trabalho que começou na casa do baixista Guy Berryman e que seguiu em 2013 e 2014 em sessões de gravação nos estúdios The Bakery e The Beehive, em Londres, e finalizado entre Inglaterra e Los Angeles. O disco foi produzido pela banda ao lado de Paul Epworth, Rik Simpson e Daniel Green, e ainda contou com produtores convidados como Avicii, Jon Hopkins e Timbaland. Além de suas nove faixas, a versão deluxe do álbum conta com as ótimas “All Your Friends”, “Ghost Story” e “O (Reprise)”. No Reino Unido, foi lançado pela Parlophone, enquanto nos Estados Unidos marcou o primeiro lançamento do Coldplay pelo selo Atlantic Records. No período de lançamento, houve bastante burburinho por conta das especulações de que o álbum era inspirado na separação do vocalista Chris Martin com a atriz Gwyneth Paltrow. Do lado dos críticos, parte comemorava a volta do Coldplay a um estilo mais melancólico, enquanto outra parcela considerava um disco repetitivo e sem direção coerente.
A arte da capa do álbum foi assinada por Mila Füstová, que trabalhou nesse projeto por mais de um ano e que também assinou as capas de “Magic” e “A Sky Full Of Stars”. Para o álbum, ela produziu uma arte que destaca um par de asas de anjo em primeiro plano e um oceano, visto na parte da noite, no background. A obra mistura estilo medieval com elementos contemporâneos, já que no interior das asas é possível enxergar diversas imagens, por exemplo, um casal aparentemente apaixonado, um homem encarando um espelho, um labirinto circular e uma escada. Na época do lançamento, era possível ampliar a imagem por meio de uma página no site oficial da banda.
O desempenho comercial de “Ghost Stories” foi imenso, muito diferente de sua proposta intimista. Após 24 horas de lançamento, o disco alcançou o 1º lugar no iTunes de mais de 100 países — incluindo o Brasil. No Reino Unido, o álbum estreou na primeira posição e vendeu 168.000 cópias na semana inicial; a segunda maior semana de abertura de 2014. Em julho, o álbum já tinha o título de mais vendido do ano por ter vendido, até aquele período, mais de 375.000 cópias apenas no Reino Unido. Nos Estados Unidos, o álbum vendeu 383.000 cópias na primeira semana e estreou na 1ª posição da Billboard 200. Em 2014, ninguém vendeu mais em uma semana de estreia por lá. Também na América do Norte, “Ghost Stories” estreou em primeiro lugar no Canadá. O álbum chegou ao topo em mais de 23 países. No Brasil, pegou a 4ª colocação.
Na 57ª edição do Grammy, “Ghost Stories” foi indicado a Melhor Álbum Vocal Pop e Melhor Filme de Música, enquanto a faixa “A Sky Full Of Stars” recebeu uma indicação na categoria Melhor Performance de Pop por um Duo/Grupo. Também nos Estados Unidos, o disco foi indicado ao Billboard Music Awards na categoria Melhor Álbum de Rock.
O álbum contou com uma breve turnê. A trajetória de shows durou menos de um ano e passou por Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Austrália, França e Japão.
“We are legends”
A Head Full Of Dreams (2015-2017)
Com o disco anterior, o melancólico “Ghost Stories”, o Coldplay escolheu não rodar o mundo com uma turnê grandiosa. Nesse sentido, a banda entrou no estúdio logo no início de 2015 e nos meses seguintes os fãs viram crescer a expectativa pelo lançamento de um novo álbum, além de uma nova turnê.
Essa expectativa teve fim quando, de uma maneira criativa e inovadora, a banda decidiu espalhar diversos cartazes pelo mundo revelando as datas de shows em várias cidades. Os fãs da América Latina logo vibraram, já que locais no Chile, Argentina, México, Peru, Colômbia e Brasil foram os primeiros confirmados na agenda da banda. A cada descoberta de um cartaz de show um novo motivo para os fãs da América do Sul vibrarem — era a primeira vez que uma turnê da banda teria como pontapé inicial a nossa região.
No dia 06 de novembro de 2015, foi lançado o single “Adventure of a Lifetime”. Mostrando um lado mais vibrante e experimental do Coldplay, a faixa sinalizou a sede da banda em se desafiar e criar novos sons. O single foi um sucesso e chegou ao 7º lugar na UK Singles Chart e na 13ª posição na Billboard Hot 100, além de ter alcançado Top 20 em mais de 30 países.
Já no dia 04 de dezembro de 2015, o grupo lançou oficialmente o álbum de “A Head Full of Dreams”, com 11 faixas e recheado de novidades. De acordo com a banda, o trabalho significa o encerramento de um ciclo e revela o patamar onde eles realmente queriam chegar. A arte do álbum ficou por conta da artista argentina Pilar Zeta, e seu trabalho surrealista e colorido. O disco conta com a participação de diversos músicos, entre eles Beyoncé, que participa da faixa de “Hymn for the Weekend”, Noel Gallagher e seu solo de guitarra fulminante em “Up&Up”, a sueca Tove Lo em “Fun”, além de Gwyneth Paltrow, e os filhos de Chris, Apple e Moses — eles cantam em algumas partes do álbum. Outra surpresa foi a participação do então Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, na faixa-interlúdio de “Kaleidoscope”. O disco chegou ao 1º lugar na parada do Reino Unido e foi número 2 nos Estados Unidos. Um dos resultados mais vibrantes da era foi a indicação a Melhor Álbum Britânico na edição de 2016 do BRIT Awards. No Brasil, o álbum foi certificado como disco de ouro no dia 15 de janeiro de 2016.
Ainda nessa era, a banda lançou o “Kaleidoscope”, um EP que chegou ao mundo em julho de 2017. O título, inclusive, é o mesmo de uma faixa-interlúdio do sétimo álbum de estúdio do Coldplay. Com as faixas “All I Can Think About Is You”, “Miracles (Someone Special)”, “A L I E N S”, “Something Just Like This (Tokyo Remix)” e “Hypnotised”, o EP não foi muito divulgado e não roubou o protagonismo do álbum “A Head Full Of Dreams”. No entanto, o desempenho comercial foi melhor do que o previsto. “Hypnotised” alcançou a 70ª posição no Reino Unido, enquanto “Miracles (Someone Special)” atingiu o 54º lugar. O EP conquistou a 15ª posição na Billboard 200, nos Estados Unidos, e foi TOP 10 em diversos países, entre eles Canadá, França, Alemanhã, México, Itália e Japão. Para coroar o lançamento, o “Kaleidoscope EP” foi indicado a Melhor Álbum Pop na 60ª edição do Grammy (2017).
O EP coincidiu com a “A Head Full Of Dreams Tour”, turnê mais grandiosa do Coldplay até então. Antes de iniciar a tour, a banda se apresentou no intervalo do Super Bowl 50 — era a final de um dos eventos esportivos com maior audiência em todo o mundo (a performance foi assistida por 115 milhões de pessoas). O setlist contou com vários hits da carreira e participações especiais de Beyoncé e Bruno Mars, totalizando 12 minutos de apresentação.
O pontapé inicial da “A Head Full Of Dreams Tour” foi no dia 31 de março de 2016, com um show na Argentina. A banda veio ao Brasil na sequência, se apresentando em São Paulo no dia 07 de abril e no Rio de Janeiro no dia 10. Em 2017, o Coldplay voltou ao nosso país com a mesma turnê e com mais três shows na agenda: 07 e 08 de novembro em São Paulo e no dia 11 do mesmo mês em Porto Alegre. A segunda passagem da turnê foi bem especial, já que tanto no Sudeste, quanto no Sul a banda apresentou canções em homenagem aos paulistas e aos gaúchos. O ápice foi o lançamento do DVD “Live in São Paulo”, que tem imagens dos shows realizados em 2017 na capital paulista (principalmente da apresentação do dia 08). A obra faz parte do “The Butterfly Package”, material que foi lançado em dezembro de 2018 e que conta ainda com dois CDs com o áudio do show em Buenos Aires e um DVD com o documentário “Coldplay: A Head Full Of Dreams”. Considerando dados do fim de 2020, a AHFODTour é a quinta maior turnê da história! Com 114 shows, realizados entre 2016 e 2017, a tour rendeu 523 milhões de dólares.
“Music is the weapon of the future”
Everyday Life (2019-2020)
A Era Everyday Life começou a movimentar ruas e internet de maneira concreta em outubro de 2019. Trilhando um caminho de divulgação à moda antiga, inicialmente um pôster da era foi encontrado no Brasil, na estação de metrô Paulista (localizada na cidade de São Paulo). Lá o banner apareceu antes da hora, no dia 14 de outubro, e foi retirado um dia depois. Já no dia 17 de outubro, o pôster reapareceu na estação na capital paulista e surgiu em várias cidades ao redor do mundo – chegando até mesmo a ocupar parede de museu e caixa postal de um fã dos Países Baixos. Também no dia 17, a banda atualizou as redes sociais com a imagem de uma lua e um sol. Na sequência, no dia 21, fãs começaram a receber cartas datilografadas que traziam os ícones de lua e sol e anunciavam o lançamento do oitavo álbum de estúdio do Coldplay. No dia 22, o texto das cartas foi parar no site oficial do Coldplay e a página surpreendeu os fãs com a adição de uma contagem regressiva que terminaria no dia 24 de outubro. Um dia antes do relógio parar, a banda espalhou a tracklist completa do disco por alguns jornais ao redor do mundo, inclusive no brasileiro “O Globo”. No dia seguinte, na hora marcada, a banda disponibilizou duas músicas novas: “Orphans” e “Arabesque”.
Antes de chegar às lojas, o álbum já tinha na praça os clipes das faixas “Orphans” e “Daddy”, além de Lyric Videos para ‘Arabesque’, “Everyday Life” e “Champion Of The World”. As prévias deixaram fãs e crítica especializada com grande expectativa. Alimentando ainda mais a expectativa, no primeiro dia de novembro, mês do lançamento, a banda divulgou um vídeo genial, simulando uma coletiva de imprensa, para anunciar parceria com o “YouTube Originals”. Pensada para marcar o lançamento do álbum “Everyday Life”, a ação foi realizada através de duas apresentações que foram transmitidas diretamente do Oriente Médio no dia 22 de novembro, data de lançamento do álbum. O espetáculo “Coldplay: Everyday Life – Live in Jordan” aconteceu em Amã, capital da Jordânia, e seguiu a divisão proposta no novo trabalho da banda. A primeira apresentação foi transmitida ao amanhecer e contou com faixas da parte do disco intitulada Sunrise, enquanto a segunda performance foi realizada durante o pôr do sol e conectada ao lado do álbum intitulado Sunset. Continuando as poucas apresentações que marcaram a divulgação do disco, o Coldplay realizou um show no Museu de História Natural de Londres no dia 25 de novembro.
Ainda em novembro, a crítica começou a reagir ao lançamento. A edição britânica da conceituada GQ Magazine destacou a produção assinada por Rik Simpson e celebrou o “Everyday Life” como “o melhor álbum da banda até hoje, porque eles pararam de ligar para o que as pessoas pensam”. O The Times opinou que o Coldplay voltou aos bons tempos e enfatizou: “é o melhor álbum que Coldplay lançou em uma década”. Até a NME, que chamou o trabalho de “experimento confuso”, conseguiu enxergar qualidade no disco e chamou a faixa “Church” de “melhor do álbum”. No Metacritic, a nota foi 73 (em 100). Para acompanhar as críticas e divulgar o disco, a banda elegeu singles, entre oficiais e promocionais, e lançou seis clipes: “Orphans”, “Daddy”, “Everyday Life”, “Cry Cry Cry”, “Champion of the World” e “Trouble in Town”.
Uma curiosidade é que cinco entre os seis vídeos lançados na era Everyday Life têm direção assinada por mulheres. Åsa Lucander (Daddy), Karena Evans (Everyday Life), Dakota Johnson (Cry Cry Cry), Cloé Bailly (Champion Of The World) e Aoife McArdle (Trouble In Town). A exceção é “Orphans” – vídeo que foi dirigido por Mat Whitecross, parceiro de longa data do Coldplay.
O álbum teve um bom desempenho comercial. No Reino Unido, o disco repetiu a conquista dos sete anteriores e estreou no topo. Já nos Estados Unidos, o trabalho conseguiu a 7ª posição em sua semana de estreia na lista Billboard 200. Em novembro de 2020 o “Everyday Life” alcançou o seu maior reconhecimento até aqui ao ser indicado ao Grammy na categoria Álbum do Ano. A nomeação na 63ª edição da premiação estadunidense marca a segunda indicação da banda nessa categoria — a primeira aconteceu em 2009 com o aclamado “Viva la Vida or Death and All His Friends”.
“We’re capable of kindness”
Music of the Spheres (2021 – Hoje)
A Era Music of the Spheres começou a despertar a curiosidade de fãs da banda no dia 23 de abril de 2021. Na data, uma conta intitulada “Alien Radio FM”, com presença nas redes sociais e em um site, começou a chamar a atenção por meio de sinais que comunicavam o início de uma transmissão.
Na sequência, pôsteres com os mesmos códigos divulgados pela Alien Radio apareceram em cidades ao redor do mundo, enquanto o site continuou revelando sinais que coincidiam com a trajetória da banda e indicavam mensagens formadas por um alfabeto fictício chamado “Kaotican”. Nos dias seguintes, fãs navegaram pelo cenário ‘alienígena’ e decifraram diversas mensagens, incluindo uma que antecipava título e data de lançamento do single “Higher Power”.
Depois de despertar a curiosidade dos fãs com a divulgação de mensagens enigmáticas sobre o novo trabalho, o Coldplay lançou, no dia 06 de maio de 2021, o single “Higher Power”. Direto da Estação Espacial Internacional (ISS), o astronauta Thomas Pesquet conversou com a banda e foi o responsável pela primeira execução da faixa. Na sequência, o single foi disponibilizado nas plataformas digitais.
E as surpresas continuaram. Antes de lançar o álbum “Music Of the Spheres”, a banda divulgou as faixas “My Universe”, single com o grupo BTS que se tornaria um hit, e a bela faixa “Coloratura”.
Já no dia 15 de outubro de 2021, o Coldplay lançou o álbum “Music of the Spheres”. 9º disco de estúdio da banda, o projeto de 12 faixas conta com produção de Max Martin e, além do BTS, conta com colaborações de Selena Gomez, Jacob Collier e We Are KING.
Em uma viagem intergaláctica através de um universo criativo desenhado especialmente para o álbum, a obra explora diferentes sonoridades e inova, entre outras coisas, na forma de chamar cinco faixas — que são intituladas com símbolos. Entre as esferas que dão vida ao “Music of the Spheres” existem, ainda, planetas fictícios que se conectam a cada canção e que se estruturam a partir de diferentes idiomas alienígenas.
Floris, Calypso e Supersolis, por exemplo, são planetas que compõem a narrativa do clipe de “My Universe”, single em parceria com o BTS que o Coldplay lançou em setembro do mesmo ano e que estreou no topo da Billboard Hot 100 na primeira semana de outubro. Coloratura, Echo, Epiphane, Infinity Station, Kaotica, Kubik, Neon Moon I, Neon Moon II, Ultra e Aurora (“o planeta perdido”) são os outros astros que integram o sistema solar que a banda chama de “The Spheres”.
Em conjunto com o lançamento do álbum nas lojas e plataformas digitais, Coldplay lançou Lyric Videos de todas as faixas. Os vídeos que destacam os versos das canções são assinados por Victor Scorrano e Pilaz Zeta, mesma dupla por trás da criação dos planetas e de todo o conceito visual do “Music of the Spheres”. Poucas horas depois do lançamento do álbum e do Lyric Video, a balada “Let Somebody Go” entrou no Top 10 do iTunes dos Estados Unidos e, no mesmo período, se consagrou como o único Lyric, entre as faixas inéditas, a alcançar mais de 1 milhão de visualizações.
Sobre a recepção das novas músicas, Coldplay conversou com o Spotify e revelou, dentro do Storyline de “My Universe”, que não se incomoda com as reclamações sobre a mudança de sonoridade da banda. “Muitas pessoas falam que gostariam de ouvir a gente fazendo músicas como fazíamos há 20 anos. No entanto, nós já estamos cansados desse discurso. Os álbuns antigos existem para que as pessoas os escutem”, declararam, completando com o discurso de que gostam de experimentar. “Nós amamos explorar diferentes gêneros, além de trabalhar com outros artistas e não ter medo de tentar coisas novas”, concluíram.
Em novembro de 2022, o álbum recebeu três indicações no Grammy: Melhor Álbum Vocal de Pop, Melhor Performance de Pop por Duo ou Grupo (por “My Universe”) e a prestigiada categoria Álbum do Ano. No ano anterior, colhendo os frutos da era que ainda iria começar, a banda já tinha recebido uma indicação por “Higher Power” (também parte do álbum).
Considerando o universo do álbum, a banda lançou vídeos para as faixas “Higher Power”, “My Universe”, “Let Somebody Go”, “Biutyful”, “Humankind” e “People of the Pride”.
Na turnê da Era, intitulada “Music of the Sphres World Tour”, a banda vem viajando o mundo com iniciativas de sustentabilidade que fazem parte de um plano estruturado especialmente para a turnê. São ações que focam em mitigar o impacto ambiental dos shows e que já estão revolucionando a indústria da música (leia a íntegra do plano, em português, clicando aqui).
Ainda em andamento, a turnê começou no dia 18 de março de 2022, na Costa Rica, e passou pelo Brasil em setembro de 2022 — no festival Rock in Rio, e em março de 2023 — com 11 shows divididos entre as cidades de São Paulo, Curitiba e Rio de Janeiro.