Passado, presente e futuro do Coldplay refletidos no show do Glastonbury

Apresentação da banda na edição de 2021 do festival surpreendeu fãs e apontou para os próximos lançamentos

24 maio, 2021

Glastonbury Festival é um dos festivais mais clássicos do mundo. Cobiçado por tantos artistas, o evento já virou tradição para o Coldplay!

Mesmo assim, Chris, Guy, Jonny e Will conseguiram transformar a sexta performance da banda no festival em algo épico (e com toques de inovação)!

Desta vez, as coisas estão, digamos, um pouco diferentes (ou muito diferentes, para ser sincera). Em 2021, em meio à pandemia, a edição do Glastonbury foi digital e isso deixou de fora um ingrediente fundamental em qualquer festival: o público. E, se tratando deste festival em especial, o público é um show à parte. O evento é realizado na fazenda Worthy, situada no interior da Inglaterra, e é historicamente marcado por uma audiência para lá de entusiasmada. O público enfia, literalmente, e ‘o pé na lama’ para se deleitar com apresentações incríveis de seus artistas favoritas. Apesar da alegria contagiante da banda, senti falta da energia das pessoas — todas segurando aquelas bandeiras gigantes que caracterizam o festival. Também senti falta das fogueiras armadas bem no meio do público, do pessoal acampado com barracas para poder curtir os dias de shows e toda a vibração que cerca o palco. Coldplay também sentiu falta desse elemento tão importante, o que ficou claro em “Viva La Vida”, quando Chris Martin convidou as vacas para acompanhar a banda nos ““woah-oh-ohs” que preenchem o hit de 2008. 

Em tempos de pandemia, tudo mudou drasticamente, mas a energia e a entrega do Coldplay permanecem intactas! Em um show de pouco mais de 35 minutos de duração, a banda nada deixou a desejar e nos brindou com uma performance para lá de eletrizante. Com direito a fogos de artifício, muitas luzes e o icônico ‘Pyramid Stage’ de fundo, o Coldplay fez uma apresentação belíssima; misturando os principais clássicos dos primeiros álbuns: “The Scientist”, “Clocks”, “Viva La Vida” e “Fix You” tiveram seu lugar garantido na setlist. Já o hit contemporâneo “A Sky Full Of Stars” encerrou a apresentação. “Higher Power”, o mais novo single da banda, também integrou a lista de faixas do show. A canção provou que se encaixa perfeitamente em grandes espetáculos. Produzida por Max Martin e lançada em maio deste ano, a faixa é pura energia e foi a escolha certa para abrir o Glastonbury deste ano. Com a setlist redonda, a banda reservou uma estreia para marcar a grande surpresa da noite. Intitulada “Human Heart”, a canção fez eu me lembrar, e muito, a vibe do álbum “Everyday Life”. Lançado pelo Coldplay em novembro de 2019, o disco tem uma faixa que se chama “When I Need A Friend” e que tem grande semelhança com “Human Heart”.

Sei que o Coldplay é uma banda recheada de hits e que isso torna bastante difícil a montagem de qualquer setlist. Na internet, fãs da banda apontaram diversas faixas que gostariam de ter escutado no festival. No entanto, é difícil não sentir falta da presença de inúmeras outras canções. Mesmo assim, em uma performance tão curta como a do último sábado (22), incluir tantos sucessos torna-se uma tarefa impossível.

Mesmo com apenas 35 minutos, o show foi marcado por pontos altos. Um deles foi a performance de “Clocks”! Com o piano monumental, ja característico do single de 2003, a energia crescente da faixa empolgou quem assistia ao festival. Os lasers verdes, que já são a marca registrada das apresentações da canção, me fizeram viajar ao passado e relembrar as apresentações mais antigas da banda.

A performance de “Higher Power” foi outro destaque e surpreendeu ao demonstrar a força que a canção tem ao vivo. O single mais recente da banda é eletrizante, vibrante, e  define muito bem o rumo que o Coldplay tem tomado em seus últimos trabalhos.

Também não posso deixar de citar o impacto que o início do show reservou aos fãs. Logo na abertura, foi possível ouvir uma voz dizendo “Music Of The Spheres”. Espero entender mais desse nome desde o lançamento de “Everyday Life”, já que o encarte do álbum conta com páginas enigmáticas em que o título “Music Of The Spheres” aparece em um outdoor. Depois de ouvir essa novidade no Glastonbury, estou ainda mais ansiosa para saber se esse será o título do próximo álbum, ou um single, ou simplesmente uma faixa. Como já sabemos que esse nome foi registrado legalmente pela banda, resta aguardar essa resposta que o festival ainda não nos deu.

Ainda refletindo sobre o Glastonbury, confesso que os escassos 35 minutos de performance e o momento que o mundo atravessa me deixou com um sentimento de ‘quero mais’. A apresentação me fez refletir sobre quando poderemos desfrutar, de perto, da emoção que um show ao vivo da banda proporciona. A ausência da troca com o público foi sentida e potencializada pelo fato de que o show foi pré-gravado. Apesar disso, o show foi mais do que suficiente para que eu matasse a saudade que eu estava das apresentações da banda (e que eu sei que muitos de vocês também estavam). Que venha o novo álbum, bem como uma nova turnê. Quero tudo o que temos de direito e a energia que a banda vem demonstrando, desde o lançamento de “Higher Power”, me deixa ainda mais animada em relação ao que está por vir.

Paula Valladares é Redatora do Viva Coldplay. Paula mora no Uruguai desde 2015, é geógrafa e se tornou fã da banda com o álbum X&Y, em 2005.

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