Grammy 2021: Coldplay perde o prêmio de Álbum do Ano, mas Chris Martin emociona em apresentação no piano

O vocalista do Coldplay dividiu o palco com Brittany Howard em uma performance de "You'll Never Walk Alone"

15 março, 2021

Na noite de ontem (14), aconteceu o Grammy Awards 2021. Com realização da Recording Academy, a premiação ainda é considerada a maior cerimônia anual da música e, depois de alguns adiamentos, conseguiu reunir nomes poderosos da indústria mesmo em meio à pandemia.

Para o Coldplay, as surpresas do Grammy começaram há alguns meses. Em novembro de 2020, quase um ano após o lançamento do “Everyday Life”, a Academia revelou os indicados da 63ª edição da premiação. Logo no início, o oitavo álbum de estúdio da banda apareceu na categoria Melhor Pacote de Gravação. A indicada foi a artista Pilar Zeta, que entrou na disputa pelo seu trabalho como diretora de arte do disco.

A grande surpresa veio no final do anúncio dos indicados. Esquecido em todas as categorias, o álbum “Everyday Life” foi lembrado justamente na mais importante: a que define o Álbum do Ano. O Coldplay não disputava essa categoria desde a 51ª cerimônia do Grammy – ano em que perdeu a corrida pelo Álbum do Ano, mas venceu Música do Ano e Melhor Performance de Grupo ou Duo Pop com “Viva La Vida”, além de Melhor Álbum de Rock com “Viva La Vida Or Death And All His Friend”.

11 anos depois, a indicação de “Everyday Life” marcou a segunda vez da banda na disputa pelo melhor álbum do ano e gerou desconfiança da crítica especializada. Por outro lado, o reconhecimento não chocou os que já tinham percebido a potência de um dos grandes acertos da discografia do Coldplay – um disco ousado e com qualidade técnica e sonora. Conectando direção de arte e composição, o trabalho aborda temas como fé, abuso policial, racismo, uso de armas, Oriente Médio, diversidade e vida cotidiana.

Reunindo todas as características de um vencedor, “Everyday Life” chegou com chances na cerimônia do Grammy 2021 e contou com um defensor na plateia. Pulando o tapete vermelho, Chris Martin fez parte da grande festa da música e representou o Coldplay presencialmente. Como o vocalista é o único integrante da banda que mora nos Estados Unidos, ele também foi o único que conseguiu seguir protocolos e restrições de viagem que o coronavírus impõe.

Sem os companheiros de banda e sentado na única cadeira de uma mesa posicionada em frente ao palco em que os prêmios eram entregues, Chris Martin agiu discretamente por quase toda a noite – guardando seu momento de destaque para a performance.  

Em um momento especial, o Grammy homenageou artistas e profissionais da indústria musical falecidos no último ano. Nessa parte do show, Chris subiu ao palco para acompanhar Brittany Howard – que é conhecida como a voz principal da banda Alabama Shakes e na cerimônia deste ano concorreu em cinco categorias pelo seu primeiro álbum solo, “Jaime”. 

Com Chris no piano e Brittany nos vocais, a música escolhida para a performance foi “You’ll Never Walk Alone”, clássico de Rodgers e Hammerstein composto para o musical “Carousel”.

A Pitchfork elogiou a capacidade de Chris Martin de “abraçar seu lugar de bom menino no piano” e deixar Brittany Howard brilhar soltando a voz. “O vocalista do Coldplay acertou ao formar, da maneira certa, uma rara dupla de estrelas no Grammy, enquanto Howard comprovou que é uma das cantoras mais poderosas de sua geração”, afirmou a publicação.

Mesmo com a presença do Coldplay em uma das principais categorias do Grammy, a homenagem póstuma marcou a única apresentação de Chris Martin na noite – o que provavelmente foi uma escolha do próprio artista, que não tinha os companheiros de banda por perto.

Mais uma vez na plateia, Chris assistiu sua amiga Beyoncé vencer a categoria “Melhor Performance R&B”, por “Black Parade”, e se tornar a artista feminina que mais ganhou gramofones dourados na história do Grammy. Antes, o recorde era de Alison Kraus (com 27 troféus).

O vocalista do Coldplay teve que esperar até a penúltima categoria da noite para descobrir o Álbum do Ano. Concorriam com o “Everyday Life” os álbuns “Chilombo” (Jhené Aiko), “Future Nostalgia” (Dua Lipa), “Folklore” (Taylor Swift), “Hollywood’s Bleeding” (Post Malone), “Djesse Vol. 3” (Jacob Collier), “Black Pumas” (Black Pumas) e “Women In Music pt. III” (Haim).  

O Coldplay acabou não levando a melhor e a honraria foi concedida ao disco “Folkore”, de Taylor Swift.

Antes disso, durante o pré-show, Pilar Zeta já tinha perdido a categoria Melhor Pacote de Gravação. Os premiados foram Doug Cunningham e Jason Noto, que assinaram a direção de arte do álbum “Vols. 11 & 12”  (Desert Sessions).  Você pode conferir todos os ganhadores do Grammy 2021 aqui.

A ausência de prêmios não diminuiu o brilhantismo de “Everyday Life”, álbum que conseguiu ser classificado como um dos melhores do ano mesmo destoando dos lançamentos anteriores do Coldplay e mesmo com uma proposta de divulgação tímida – pelo menos em comparação ao tamanho que a banda ocupa no cenário musical mundial. De grandes produções como “Arabesque” até a delicadeza de faixas como “Daddy”, o oitavo disco de estúdio do Coldplay encontra na indicação a Álbum do Ano apenas mais um dos vários motivos para disseminar as mensagens dos importantes temas que trata.

“Everyday Life” marcou a 30ª indicação do Coldplay ao Grammy Awards. Até hoje, a banda conquistou sete gramofones dourados. O primeiro troféu foi com o “Parachutes”, que venceu Melhor Álbum de Música Alternativa. Na trajetória até aqui, o grande destaque aconteceu em 2009, ano em que o Coldplay venceu importantes categorias com o disco “Viva La Vida or Death and all His Friends”. Depois disso, a banda foi indicada diversas vezes – a penúltima delas em 2017, edição em que o EP “Kaleidoscope” competiu na categoria Melhor Álbum Vocal de Pop e a canção “Something Just Like This” concorreu na categoria Melhor Performance de Pop por Duo ou Grupo. A recente indicação a Álbum do Ano aumentou a história da banda com a premiação. Entre os capítulos mais relevantes está, por exemplo, o troféu de Gravação do Ano por “Clocks”.

Vitor Babilônia

Vitor Babilônia é Editor-Chefe do Viva Coldplay e Roteirista. Sua formação passa por instituições como Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Vancouver Film School. Ele é fã da banda desde 2004.

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