Uma década da passagem da “Viva La Vida Tour” pelo Brasil!

02 março, 2020

O tempo voa! Há exatos 10 anos, o Coldplay retornava ao Brasil com a Viva La Vida Tour. Quem lembra? A volta ao Brasil não coincidia em nada com a atmosfera de shows intimistas que eles trouxeram para cá três anos antes.

Para entender a grandiosidade dos shows da “Viva La Vida Tour” no nosso país, vale relembrar a passagem da turnê predecessora. Em 2007, a estadia do Coldplay no Brasil foi marcada por três apresentações realizadas na cidade de São Paulo. Os shows fizeram parte da turnê do terceiro álbum de estúdio da banda, o celebrado “X&Y”.

Naquela época, um pequeno público, de aproximadamente 6 mil pessoas por noite, conferiu sucessos como “Fix You” de perto. As apresentações intimistas e especiais prepararam os fãs para a atmosfera diferente que a banda apresentaria aos brasileiros três anos depois.

Foi em 2010 que o grupo passou de um palco intimista para dois grandes palcos, e promoveu o delírio de fãs de duas grandes cidades brasileiras. Era o salto do Coldplay rumo a um universo liderado por shows grandiosos!

A mudança chegou com o quarto álbum de estúdio do grupo. Intitulado “Viva La Vida or Death and All His Friends”, o trabalho foi lançado em 2008. Quando a banda começou a rodar o mundo com a turnê “Viva La Vida”, a canção homônima já era um verdadeiro hino entre os fãs e ganhava o reconhecimento da crítica – que enxergava o single como o maior hit do Coldplay.

Pouco depois do lançamento do álbum, que foi o mais vendido em seu ano de lançamento, a edição de 2009 do Grammy Awards consagrava o Coldplay como um dos maiores vencedores daquele ano. Com o impacto de “Viva La Vida” já expressivo ao redor do mundo, a banda recebeu sete indicações e ainda levou as faixas “Viva La Vida” e “Lost!”, a segunda com a participação de Jay-Z, para o palco da premiação. Após preencher o evento com o tom artístico da era, a banda conquistou três gramofones dourados. Naquela noite, o grupo venceu as categorias Gravação do Ano, Melhor Pop Performance Vocal em Duo ou Grupo e Melhor Álbum de Rock.

As vitórias no Grammy refletiam o momento glorioso da banda, e o Coldplay não economizou ao levar para a estrada uma turnê que representava um álbum campeão de vendas. Pare retratar a veia artística do disco nos palcos, o grupo contou com a expertise da “Stageco” – famosa empresa especialista em projeção de palcos. O desenvolvimento começou antes mesmo do Grammy, no final de 2008, e contou com o trabalho minucioso do diretor Hedwig de Meyer. Nos shows da Europa, o formato do palco principal sinalizava o conceito de uma pálpebra gigante.

Foto via avinteractive

Com o design do palco estabelecido, logo no início de cada show a cortina despencava e revelava um grande mural com a pintura “A Liberdade Guiando o Povo”. A pintura de Eugène Delacroix que foi utilizada para ilustrar a capa do álbum “Viva la Vida or Death and All His Friends” também foi eleita para marcar visualmente o início do show.

Alguns elementos visuais ganharam força na “Viva La Vida Tour” e continuaram marcando os turnês posteriores da banda, como os lasers durante a faixa “Clocks” e as bolas amarelas durante “Yellow”. Já o ápice visual pensado para a turnê deixou sua marca na performance de “Lovers In Japan”. Durante o refrão da canção, confetes coloridos em formato de borboletas voavam em direção ao público.

Outro elemento bonito da turnê se mostrava no palco principal e no telão de alta definição cercado por gigantescas esferas penduradas. Nessas bolas eram projetadas imagens com cores e desenhos que seguiam cada canção.

Foto via Barco

O figurino da turnê, assinado por Sara Jowett, também era um grande destaque e conversava com os elementos visuais do encarte do álbum e clipes. No primeiro show da turnê, a revista Rolling Stone chamou as roupas do quarteto de “Sgt. Pepperesque jackets” – uma alusão ao estilo adotado por The Beatles no álbum “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band” (1967).

Foto via Sara Jowett

Com o conceito artístico da turnê tão bem pensado e com os maiores veículos de imprensa repercutindo o trabalho da banda, chegou a hora do Coldplay levar a turnê para América do Sul. Vivendo esse momento de transição dos pequenos para os grandes palcos, os fãs brasileiros foram incluídos na rota da turnê que, naquela época, já registrava passagem por mais de 25 países.

Foto via Kmeron

Finalmente no Brasil, o primeiro show no país ocorreu no dia 28 de fevereiro de 2010. Em pleno verão carioca, a banda encontrou um cenário que em nada se parecia aos dias de extremo calor que costumam arder na Cidade Maravilhosa. O local que recebeu o primeiro show da turnê “Viva La Vida” no Brasil foi a Praça da Apoteose. Naquele dia, os fãs do Rio de Janeiro encontraram o sambódromo decorado com imensos balões inspirados nos temas retratados no álbum. Debaixo de chuva, aproximadamente 35.000 pessoas tiveram a sorte de conferir de perto o show de uma turnê que marcava uma mudança drástica na história da banda, especialmente no tom das performances ao vivo.

Com figurinos com aparência de uniformes coloridos e instrumentos estilizados, Chris, Guy, Will e Jonny apresentaram uma setlist consideravelmente grande e de tirar o fôlego! A valsa “Danúbio Azul” anunciava, com ares de suspense, o começo do show. Na sequência, o instrumental da faixa “Life In Technicolor” tocava enquanto o quarteto britânico subia ao palco. Os quatro seguravam velinhas pirotécnicas poucos segundos antes de agitarem os fãs com o primeiro single do disco: “Violet Hill.”

A lista de faixas escolhida coincidia com o verdadeiro espetáculo apresentado pelo universo artístico da era. Eram vários ingredientes novos que, juntos, estruturavam um show único e grandioso! Com enormes telões, que se unificavam com bolas gigantes suspensas e se integravam ao desenho de dois palcos menores – que complementavam o palco principal- o Coldplay sinalizava que cada detalhe era de suma importância. A estrutura da turnê revelava o quanto a banda prezava por uma experiência única por parte do público.

Foto via: arquivo pessoal de Paula Valladares

Ainda sobre as surpresas visuais, confetes coloridos, em forma de borboleta eram lançados em direção à plateia e davam um toque épico durante a canção “Lovers in Japan”. Em outro grande momento do show, grandes bolas amarelas preenchiam a plateia durante a clássica “Yellow”. Já no fim do show, majestosos fogos de artifício eram soltos no ar durante a performance de “Life In Technicolor ii.”

A fantástica experiência no show do Rio de Janeiro não poderia ter sido diferente em São Paulo. Em uma noite fria do dia 02 de março, no estádio do Morumbi, o espetáculo na capital paulista ganhava um sentido ainda mais especial por ser justamente o dia do aniversário de Chris Martin!

Celebrando a data, o baterista Will Champion, com um violão em mãos, puxou o coro de “Parabéns a você” em português, e foi seguido calorosamente pela plateia composta por aproximadamente 60.000 fãs! Emocionado, Chris comentou:

“Não existe melhor maneira de se comemorar o aniversário que tocando para 60.000 brasileiros!”

Outro momento especial da noite em São Paulo foi liderado por Chris Martin, que dedicou a faixa “Fix You” à Yumi Imanishi Faraci. Grande fã da banda, Yumi foi vítima fatal de um deslizamento ocorrido em Angra dos Reis no início daquele mesmo ano. “Essa é para a Yumi”, disse Chris antes de iniciar a performance da canção.

Falando sobre setlist, a lista de faixas da noite paulista contou com poucas alterações (em comparação ao show do Rio), mas isso não impediu que os fãs fossem surpreendidos pela banda. Após presenciar um show incrível e ainda desejar Feliz Aniversário ao vocalista Chris Martin, os fãs presentes no Morumbi receberam uma bela recompensa ao final da apresentação: o CD LeftRightLeftRightLeft, álbum ao vivo lançado gratuitamente na Internet em 2009.

Foto via: coveralia.com

Há uma década, mais uma turnê do Coldplay encerrava um ciclo no Brasil e mais uma bela memória entrava de vez para os corações dos fãs sortudos que estiveram nos shows de Rio de Janeiro e São Paulo. Se a gente perguntar por aí, certamente os fãs vão dizer que 10 anos ainda não apagaram a sensação de voltar para casa em êxtase e entoando o coro clássico de Viva La Vida: “Oh, oh, oh, oh, ohhhhh!”.

É importante celebrar uma turnê incrível como a “Viva La Vida”. A cada chance de falar sobre a tour, surge uma nova oportunidade de reunir diferentes histórias de cada um dos fãs que presenciou os shows por aqui. Temos muita história para contar, afinal, é isto que o Coldplay nos proporciona: momentos mágicos é inesquecíveis!

Texto de Paula Valladares e Vitor Babilônia.

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