Tentamos pôr um pouco de alegria no CD [O Estado de São Paulo]

01 outubro, 2011

Matéria do jornal O Estado de São Paulodeste sábado (1/out):

Vocalista do Coldplay, Chris Martin diz no Rio, onde se apresenta hoje, que vai tocar 6 músicas inéditas do novo disco

O Coldplay, principal show desta noite no Rock in Rio, tocará seis músicas do seu ainda inédito CD, o quinto álbum de estúdio, Mylo Xyloto (pronuncia-se my-lo zy-lotoe). Quem garante é o vocalista, Chris Martin, respondendo a pergunta do Estado na tarde de ontem, no Hotel Fasano, no Rio de Janeiro, onde se hospeda.

O Coldplay já faz efeito no Rio. Pela primeira vez, os fãs acamparam na frente de um hotel a espera de ver os seus ídolos, o que provoca certo rebuliço. Uma das maiores bandas pop da atualidade, o grupo diz que o álbum é uma decorrência do anterior, Viva La Vida, de zoo8. “Quando terminamos Viva La Vida, Brian Eno (o produtor do disco) disse que nosso trabalho ainda não estava pronto. E então nos prosseguimos, experimentando com sons e estilos diferentes”, disse
Jonny Buckland, guitarrista da banda. “Nós tentamos colocar um pouco de alegria no novo disco”, afirmou Martin. Ele diz que um desses componentes dionisíacos é a presença da cantora Rihanna em uma das faixas, Princess of China. “Foi um grande passo para a gente.” Eles se encontraram em Las Vegas, e Martin procurava um contraponto ao estilo da banda.

“Levamos muito tempo para tomar coragem e convidá-la. Nos, ingleses, ficamos muito nervosos na abordagem de gente que não conhecemos”, afirmou.
O novo disco será lançado dia 24 de outubro no Brasil pela EMI Music. Produzido por Markus Dravs, Daniel Green, Rik Simpson (e com o auxilio luxuoso de Brian Eno), Mylo Xyloto tem a incumbência de manter a pelota quente – o álbum anterior ficou em primeiro lugar em 36 países, incluindo Estados Unidos e Reino Unido. Segundo Chris Martin, o nome do disco é inventado, não quer dizer nada. “Parece grego, mas é apenas uma palavra que inventamos. Para usar algo que nenhum músico tenha usado antes”, avisou.

Martin e Buckland definiram o Coldplay como uma família, com os dias ruins e os dias bons de uma família, e riram quando a reportagem perguntou sobre especulação de um tablóide inglês de que este seria seu último trabalho juntos. “É como uma maratona. Sempre que a gente chega ao final é isso. Uff”, disse. “Conforme fui envelhecendo, as coisas boas da vida foram ficando melhores e as coisas ruins ficaram ainda piores. Compor, para mim, é uma maneira de tentar organizar o caos da vida”, diz o cantor. Segundo Martin, uma das faixas, Us Against the World, um folk lento, foi inspirada no canção Masters of War, do disco Freewheelin’ (1963), de Bob Dylan. “Gosto de tudo isso: Billy Bragg. Woody Guthrie. Gosto de tudo o que é bom”

Ele falou de sua admiração por Leonard Cohen, de quem usa alguns acordes no álbum, e sobre o manifesto antiguerra que fez em Us Against the World, cuja letra diz: “Não quero ver a queda de outra geração” [o trecho é ETIAW e não de UATW]. Ele explica: “Não estou falando sobre as revoltas dos jovens nas ruas. Falo da guerra. Da possibilidade de perdermos as vidas muito jovens no meio dessa estupidez. Meu pai foi um soldado, eu sei o que é isso”, afirmou.

Disse que há um principio de álbum conceitual, mas “não há dragões, não há magos” em suas canções. Afirmou que, quando lançou o primeiro disco, nunca imaginaria que um dia seria headliner do Rock in Rio, não tinha grandes ambições. “Hoje, mais do que nunca, não é mais possível dizer o que se pode e o que não se pode fazer.”

Chris Martin se divertiu quando lhe perguntaram se gravaria algo em espanhol ou português ou outra língua qualquer, já que dera o título de Viva La Vida a um disco. “Quando vemos Shakira ou Ricky Martin cantando em mais de uma língua, a gente fica espantado. E que as pessoas riem dos ingleses quando falamos outra língua. Aconteceu de termos a sorte de cantar em uma língua que todo mundo já compreende, o inglês, fica mais fácil. Mas não me imagino gravando em húngaro ou sueco. Soa tão terrível”, brincou.

Ele também comentou a morte de Amy Winehouse. “Ninguém gosta de perder um grande artista, não importa como. Artistas sempre tornam o mundo melhor.” E garante que não sofre da angústia da influência. “A vantagem de ter vindo depois de Beatles e Stones é que você sempre pode ouvir boa música para se inspirar. Mylo Xyloto será lancado nos formatos digital, CD e vinil. Paradise, single que sucede o atual Every Teardrop Is a Waterfall, será [foi] lançado no dia 12 de setembro.

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