Q Magazine: Impressões detalhadas de Mylo Xyloto.

10 outubro, 2011

Depois do primeiro (porém curto) review do quinto álbum do Coldplay, a Q magazine realizou detalhadamente as primeiras impressões de cada música em Mylo Xyloto, avaliando alguns aspectos técnicos e conceituais do álbum em geral. Confira a matéria completa clicando em leia-mais.

Coldplay lança seu quinto álbum Mylo Xyloto em 24 de Outubro. Aqui, Niall Doherty entrega suas primeiras impressões do aguardado retorno de Chris Martin e Cia.

 

Mylo Xyloto

A faixa título do quarto álbum do Coldplay é o pedaço sonoro de 40 segundos que a banda começou na abertura principal em Glastonbury [e em praticamente todos os festivais] – para não ser confundido com a música tema de De Volta para o Futuro que tocava antes deles entrarem. A instrumentação é marca pura do produtor Eno, todo o glockenspiel [instrumento musical idiofone percussivo] em cascata e linhas baixas de guitarra conforme a canção entra em Hurts Like Heaven.

Hurts Like Heaven

A primeira faixa adequada que define o tom para o resto de Mylo Xyloto, explodindo com uma certa urgência. As melodias, assim como o título, é um aceno para os heróis dos anos 80, que foi com sucesso canalizado em A Rush Of Blood To The Head; The Cure e Echo And The Bunnymen estão aparecendo com grande influência em como Chris Martin canta com rapidez; “I’m strangled with the feeling that my life isn’t mine”, canta brilhantemente o homem mais neurótico na música, guitarras de Jonny Buckland ainda definem a cintilante e cósmica abertura. O refrão – “you use your heart as a weapon/And it hurts like heaven”- é tão elevado como Robert Smith & Cia tem de melhor nas canções pop, enquanto a ponte “whoa oh oh” fornece ao álbum o primeiro momento de canto conjunto.

Paradise

O segundo single lançado do álbum soa muito melhor no contexto do disco – uma ponte mid-tempo [termo bastante utilizado na música que define a velocidade ou o ritmo de uma determinada parte] entre o aumento relativo de Hurts Like Heaven e Charlie Brown. E, se a confusa difusão daqueles sintetizadores hip hop abalou a sua impressão sobre o Coldplay (bem, eles não iriam funcionar em Yellow, funcionariam?), então eles fazem todo o sentido em Mylo Xyloto como um todo, revisitado nos primeiros trinta segundos de Every Teardrop Is A Waterfall e pontuando a participação gritante de Rihanna em Princess Of China.

Charlie Brown

O destaque das suas apresentações de verão soa ainda mais monumental no álbum; Charlie Brown é uma das melhores coisas que o Coldplay já fez. Linhas hipnóticas da guitarra de Jonny Buckland lideram o caminho, a banda canaliza a era Joshua Tree, o inebriante cantos-conjuntos do Arcade Fire e um pouquinho de Sigur Ros enquanto a canção lança seu clímax de adrenalina-enervado. Enquanto a música é maravilhosamente exagerada, Chris Martin mantém os vocais frios e calculistas, cantando “taking the car downtown to where the lost boys meet”, o que pode ser sobre se revigorar em Hampstead High Street, mas provavelmente não é.

Us Against The World

Sempre destinado a ser conhecido como “aquela que eles ferraram em Glasto”, Us Against The World” começa com padrões de atraso de guitarra e um solitário órgão de igreja, antes de retornar apenas para Chris Martin e sua acústica. Sua abordagem resume o que faz Mylo Xyloto tiquetaquear; sua produção está longe de ser enxuta, mas, ao contrário do inchado X & Y e a mistura confusa do-você-sabe-o-que-é-porque-nós-não de Viva La Vida, tudo aqui é um serviço para a melodia. E, em cinco faixas depois, as melodias aqui são algumas das suas melhores, sussurra Chris Martin “slow it down” construindo uma expansiva orquestra em torno dele. Justamente quando você pensa que vai embarcar em uma Fix You modificada, termina perfeitamente.

M.M.I.X

Every Teardrop Is A Waterfall é digna o suficiente para ser a peça central do álbum e que merece a sua própria introdução – assim, MMIX, uma espécie de irmã para a faixa de abertura, é uma drone eletrônica de um minuto de duração. É quase como se Brian Eno tivesse algo a ver com o álbum ou algo parecido.

Every Teardrop Is A Waterfall

Bem como as melhores canções de Mylo Xyloto, Every Teardrop Is A Waterfall é dominada por um intricado Jonny Buckland, guitarras épicas – Buckland assume um papel de protagonista em seu quinto álbum. É sua forma de tocar que parece invocar o melhor de seus colegas – Martin raramente tem cantado melhor do que ele faz quando Every Teardrop… segue para o seu momento final, Guy Berryman e Will Champion agora se assemelham a uma seção rítmica conduzindo as músicas ao invés de preencher as lacunas.

Major Minus

Começando com o arranhado cortante de um violão desafinado, Major Minus soa como o lado amargo de God Put A Smile On Your Face. Vocais de Chris Martin soam como se tivessem sido gravados em uma caixa de telefone gasta, o coro “they got one eye on the road/And one on you” entregue em meio a cacos de guitarra e um groove percussivo cinético. Uma das canções mais imediatas do álbum e a coisa mais sombria e lúdica que eles fizeram desde Daylight.

U.F.O

Remontando à faixa-título de seu álbum de estreia, UFO é um interlúdio melancólico, arranca o acústico de Chris Martin juntando redemoinhos de acordes no meio, um pouco mais  sentimental que ‘Faust Arp’ do Radiohead. A temática escapista das letras (“let’s fly/split the sky…”)  explica o título, apenas no caso de você estar se perguntando se Chris Martin está prestes  a levantar-se de uma cama e começar piquetar fora da área 51 com Robbie Williams.

Princess of China

Teria sido ridículo em sugerir que no auge das duas horas  vertiginosas do rock raiz, que os seus últimos integrantes teriam convidado a maior estrela de R&B do planeta para um dueto no seu álbum- mas o Coldplay está muito longe de 2001, portanto, a aparição de Rihana em Princess of China não é como se ela tivesse surgido no meio do refrão de Don’t Panic. Eles fizeram ela se sentir confortável; Princess of China é repleto de influências do movimento R&B e marchas rítmicas dos tambores que vão até sintetizadores intimidantes. A guitarra de Jonny Buckland vira uma coadjuvante- bem, é a Rihana, você não seria um coadjuvante?- mas isso oferece uma pequena amostra para onde o Coldplay pode seguir.

Up In Flames

Começando com um reverbed (efeito prolongado ou contínuo de ecos), ataque massivo da bateria antes de um piano melancólico e Chris Martin com suas mãos no coração dos vocais, Up In Flames coloca o Coldplay de volta no atravessado território da balada. O coro – Martin repetindo o título mais e mais em uma câmara de eco-falsete – sugere que os dias de piloto automático do Coldplay terminaram, maravilhosamente simples e usando a melodia como a sua dinâmica. Mais uma vez, justamente quando você acha que poderia decolar, ele termina. Coldplay aprenderam a fazer seu ponto um pouco mais sucinto. Deslumbrante.

A Hopeful Transmission

O terceiro interlúdio do álbum desvia-se do arranhado eletrônico de Mylo Xyloto e MMIX e, em vez de optar por uma exuberante estrutura musical, é sustentada pelo que parece ser, humm, alguém tocando colheres no fundo.

Don’t Let It Break Your Heart

Uma faixa irmã para Every Teardrop…  no caminho que é impulsionada com o seu ritmo “stop-start” da bateria e o jeito que Martin forma um gancho permanente através de uma parede de avalanches de sons sônicos em torno dele, Don’t Let It Break Your Heart é uma das canções mais simples de Mylo Xyloto, um precursor, á la A Whisper do A Rush Of Blood’s, antes de um bombástico final?

Up With The Birds

Bem, não realmente não, porque a música final Up With The Birds evita o clichê final exagerado, seu brilho, como grande parte de Mylo Xyloto, escondido entre os lugares que as músicas não vão. “The birds, they sang at break of day/Start again, I hear them say”, canta Chris Martin sobre fortes acordes de piano no início, antes de uma explosão quase esmagadora de acordes virem à tona. Então, a coisa toda para e começa de novo, antes do dedilhar suave de guitarras acústicas, quase indiferentes tocando baterias organizadas no álbum num fim pacífico e calmo.

 

A revista não divulgou a nota final, dizendo que a análise sairá na próxima edição da Q Magazine número 305, no dia 25 de outubro.  Se levarmos em conta essas primeiras impressões, parece que a revista gostou bastante de Mylo Xyloto e provavelmente o álbum será avaliado com uma nota alta. Vamos aguardar.

@diegolsc

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