“Let’s go Back to the Start”: sonhos, esperança e amor

Viva Coldplay traz fatos e curiosidades sobre a era A Head Full of Dreams, que marca o sétimo álbum de estúdio da banda britânica

01 maio, 2024

Se você conhece o Coldplay há mais tempo, por volta de 2005 ou até mesmo antes, talvez você tenha passado por algo similar: quando alguém te perguntava qual a sua banda favorita e você respondia “Coldplay”, era muito comum a pessoa reagir em seguida com um “Cold o quê?”. É, isso pode ser novidade pra você: houve um tempo em que o Coldplay não era lá tão conhecido assim.

E, sendo fã das antigas, talvez você tenha tido uma sensação do tipo “Caramba, como eles cresceram!” quando criaram o álbum ‘Viva la Vida or Death and All His Friends’. E aí, quando lançaram o sucessor ‘Mylo Xyloto’, você pode ter pensado “Que isso, estão gigantes!”.

Depois veio o ‘Ghost Stories’, que teve uma turnê curtíssima e o Brasil não foi incluído nela. Essa foi uma fase mais discreta do Coldplay, mas a era seguinte, meus amigos… A era seguinte veio com TUDO e a cabeça deu um duplo twist carpado porque o único pensamento possível era “COMO ASSIM eles conseguiram crescer ainda mais?”

Pois é, driblando o possível e o impossível, o Coldplay conseguiu se tornar ainda mais conhecido e ultrapassar seus próprios recordes de público na era ‘A Head Full of Dreams’. Vem com a gente entender esse fenômeno que é chocante até para quem os acompanha muito de perto.

LET’S GO BACK TO THE START

Episódio 12: sonhos, esperança e amor

Como você viu no nosso último episódio, o introspectivo ‘Ghost Stories’ foi uma espécie de luto sendo elaborado.

“Então vocês tiveram que passar pelo álbum mais sombrio para se libertarem?”

Sim, para sermos livres”

Chris Martin, em entrevista para o jornal francês ‘Le Parisien’

A era seguinte veio com uma nova mensagem: a de serem muito gratos pelo espaço que ocupam.

“Com tudo o que está acontecendo no mundo, eu me sinto muito grato por estar vivo e em uma banda com os meus melhores amigos”

Chris, para a revista ‘Entertainment Week’

Um clima de otimismo já era percebido antes mesmo de ‘A Head Full of Dreams’ ser lançado. A gente sabe muito bem que o Coldplay sabe fazer jogadas de marketing como ninguém e as peripécias da banda já estavam a todo vapor: cartazes misteriosos eram vistos por Londres apenas com os dizeres: “december 4” (4 de dezembro).

Cartaz na estação de metrô londrina ‘Baker Street’

Em seguida, novos cartazes começaram a pipocar por outras cidades ao redor do mundo, o que levou fãs da banda a especularem que seria uma provável data de lançamento do novo álbum, já que a peça gráfica conversava com a nova estética do site oficial. Essa hipótese foi confirmada pouco tempo depois.

Terras italianas também participaram da ação de divulgação de ‘AHFOD’

Se o clima do álbum anterior era melancólico e soturno, ‘A Head Full of Dreams’, na contramão, carrega uma força vibrante e positiva, evocando sentimentos de amor, pertencimento e superação. Essa mudança de chave já era percebida pela própria capa do novo álbum, bastante colorida e trazendo, no centro, o desenho da flor da vida:

A flor da vida é um símbolo que parece ter surgido no Antigo Egito e diz respeito às possíveis conexões que a vida gera

As eras ‘Viva la Vida or Death and All His Friends‘ e ‘Mylo Xyloto‘ já tinham mostrado que, além de habilidades musicais, a banda também tem todo o jeito para as artes visuais. Contando com a expertise da artista argentina Pilar Zeta, a arte do álbum foi construída a muitas mãos – incluindo as dos próprios filhos de Chris, Guy, Jonny, Phil e Will.

Diversas técnicas foram utilizadas para essa construção coletiva: desenho, pintura, colagem, vetorização de imagem… Inclusive, você já percebeu que todos eles aparecem na capa de ‘A Head Full of Dreams’? E não de qualquer maneira, mas por meio de fotos de quando eram crianças! A ideia veio de uma caixa de fotos que Guy, um dia, levou para uma das sessões colaborativas.

Te desafiamos a achar Chris, Guy, Jonny, Will e Phil na capa! :)

A gente sabe que o Coldplay sempre foi adepto a parcerias, mas o ‘A Head Full of Dreams’ levou esse papo mais a sério, contando com a participação de Noel Gallagher, Avicii, Tove Lo, Beyoncé e Merry Clayton. Até mesmo a família do Chris contribuiu em peso: a ex-esposa Gwyneth Paltrow, a então namorada Annabelle Wallis e os filhos Apple e Moses deixaram suas contribuições em músicas distintas.

Desse caldo e tanto, cinco singles foram lançados, nessa ordem: 1) ‘Adventure of a Lifetime’, lançado em novembro, antes mesmo do lançamento do próprio álbum; 2) ‘Hymn for the Weekend’, uma parceria com a diva pop Beyoncé; 3) a ultra positiva ‘Up&Up’, que fechava os shows da turnê; 4) a vibrante ‘A Head Full of Dreams’, que leva o nome do álbum e, ao contrário da anterior, era a música de abertura dos shows da turnê e 5) ‘Everglow’, que contou com uma pontinha de participação de Gwyneth Paltrow, ex-esposa do Chris.

Você sabia que ‘Hymn for the Weekend’ foi o primeiro clipe do Coldplay a alcançar um bilhão de visualizações? ‘Something Just Like This’ já havia conquistado esse feito antes, mas essa parceria feita com o duo estadunidense ‘The Chainsmokers’ foi um convite para a banda, e não o contrário

Quando uma banda lança um álbum, espera-se que, em seguida, a turnê de divulgação seja iniciada, certo? Acontece que, com o ‘A Head Full of Dreams’, a gente teve uma surpresinha a mais. Antes de saírem em turnê, o Coldplay fez uma participação pra lá de especial: foram convidados a se apresentarem na final do ‘Super Bowl’, o campeonato da principal liga de futebol americano dos Estados Unidos.

‘Believe in Love’, frase que Chris costumava falar ao final de cada apresentação da canção ‘Up&Up’

Vocês podem estar pensando: “Tá, mas e daí?”. Daí que os estadunidenses são loucos por futebol americano e o ‘Super Bowl’ é considerado um dos maiores eventos esportivos do mundo. Para você ter uma ideia, o intervalo comercial dele é simplesmente o espaço publicitário mais caro do mundo!

O convite foi aceito e encarado como um grande desafio. Foram meses e meses de preparo e, mais tarde, a banda confessaria que estavam ultra animados, mas também bastante nervosos, uma vez que a apresentação faz parte das performances mais importantes que já fizeram.

Como a gente sabe que a generosidade é uma marca muito expressiva da banda, nossos amados acharam que seria uma boa ideia compartilhar os holofotes com outros artistas. Assim, convidaram Beyoncé e Bruno Mars para se juntarem ao coro e o resultado foi, no mínimo, emocionante.

Dica: Se você quer saber mais detalhes dessa apresentação, te convidamos a ler a matéria completa que o Viva fez após esta apresentação histórica da banda.

Desafio do ‘Super Bowl’ vencido, era a vez de dar início à turnê de promoção de ‘AHFOD’. E com o Coldplay sendo o Coldplay, até a divulgação das apresentações da banda veio acompanhada de um surto entre os fãs. Isso porque, antes de anunciarem no site oficial as datas e locais que receberiam a ‘A Head Full of Dreams Tour’, surgiam pôsteres misteriosos pelas cidades, bastante similares aos da divulgação inicial do álbum.

Em novembro de 2015, por meio de cartazes avistados em São Paulo e no Rio de Janeiro,
já sabíamos que teríamos o Coldplay em solo brasileiro em abril do ano seguinte

Uma verdadeira caça aos cartazes foi iniciada ao longo do globo; fãs da banda esperavam ansiosos a vez que veriam um cartaz preto com um balão colorido pelas ruas de onde moram.

E, como estamos falando de shows, quem aí se lembra do [tristíssimo] cancelamento das datas da turnê do álbum ‘Mylo Xyloto’ na América Latina 3 dias depois de serem divulgadas? (Desculpem-nos por lembrá-los desse trauma, a gente sofreu muito também).

Acontece que, com o cancelamento, veio também a promessa de que seríamos compensados. E não é que fomos mesmo?

A recompensa veio justamente durante a turnê ‘A Head Full of Dreams’, três anos mais tarde. Pela primeira vez, uma turnê foi iniciada e finalizada na América Latina, o que significou duas passagens do Coldplay pelo Brasil em menos de dois anos! Um sonho, não?

Buenos Aires foi a cidade sortuda que iniciou e encerrou a ‘A Head Full of Dreams Tour’, completando um ciclo perfeito. Os dois últimos shows foram transmitidos ao vivo para vários cinemas do mundo

A ‘A Head Full of Dreams Tour’ foi uma verdadeira festa. Além dos já familiares confetes, balões e pulseiras coloridas, teve pedidos de casamento no palco durante a canção ‘A Sky Full of Stars’ e um dos pontos altos da apresentação era quando, no palco C, tocavam alguma música escolhida por algum fã, geralmente uma de pegada mais acústica.

Os números da turnê foram impressionantes: 114 shows, quase 5,4 milhões de espectadores ao redor do mundo, mais de 500 mil dólares em ingressos vendidos, 31 países e 76 cidades, 104 músicas tocadas. Esses marcos, à época, renderam à ‘A Head Full of Dreams Tour’ o posto de terceira maior turnê da história.

E, para celebrar o fim de uma era, em dezembro de 2018 – pouco mais de um ano depois do último show em Buenos Aires –, a banda lançou dois CDs ao vivo com áudio da última apresentação da turnê na capital argentina, além do DVD ‘Live in São Paulo’!

Acho que podemos dizer que fomos verdadeiramente recompensados depois do cancelamento de 2012, não?

O DVD reuniu filmagens principalmente do dia 8 de novembro na capital paulista – embora fãs que foram ao show do dia anterior (e até mesmo fãs de outras partes do mundo, rs) tenham se reconhecido no público. Na queridinha ‘Viva la Vida’, você confere uma pontinha da energia e empolgação que só mesmo os fãs brasileiros conseguem entregar:

Na mesma época, tivemos outro presente: o documentário ‘Coldplay: A Head Full of Dreams’, dirigido por Mat Whitecross – quem contribuía em inúmeros trabalhos da banda há bastante tempo.

O documentário contou com apresentações, entrevistas e uma série de vídeos inéditos sobre os então 20 anos de história do Coldplay, já que Mat era amigo de longa data dos meninos e os filmava mais ou menos aleatoriamente desde 1997. Outras contribuições, de 2000 em diante, também vieram de Matthew Miller, que atendia pela alcunha de ‘Roadie42’ e nos presenteava com os saudosos live blogs – tão comuns na era ‘Viva la Vida or Death and All His Friends’.

Por conta da íntima relação que tinha com os meninos, Mat ganhou carta branca total para criar o filme, que foi exibido em cinemas ao redor do globo. Para vocês terem uma ideia: nem o próprio Chris assistiu ao produto antes do lançamento! Ficou curiosa (o/e)? Confira o trailer:

E veja bem: você acha que um álbum de estúdio, um álbum ao vivo, um DVD e um documentário está pouco? No meio da era, em julho de 2017, ainda foi lançado o ‘Kaleidoscope EP’ – uma espécie de complemento ao álbum original que dispõe de 5 faixas inéditas (com participação até de Barack Obama!). Haja dedicação e empenho, hein?

Ao longo dos quase quatro anos de era ‘A Head Full of Dreams’, o Coldplay se apresentou em inúmeros festivais de peso, tais como o ‘Global Citizen’ que ocorreu em Mumbai (Índia), o disputadíssimo ‘Glastonbury’, o ‘IHeartRadio Festival’ em Las Vegas e fez também participações especiais em premiações e programas, como o familiar ‘Brit Awards’ e o famoso caça talentos ‘The Voice’. Ficamos nos perguntando, bastante impressionados: “Quanta coisa cabe na agenda de uma das maiores bandas do mundo?”

Atiçamento da curiosidade dos fãs com as ações de divulgação do álbum e da própria turnê, parcerias impressionantes, aulas de interação com o público… Deu para entender por que é muito difícil que o posto “das maiores bandas da atualidade” deixe de ser ocupado pelo Coldplay algum dia?

Se o Coldplay consegue produzir álbum de estúdio, EP, álbum ao vivo, DVD, documentário e, ainda, darem conta de uma turnê histórica, a gente também consegue colocar na nossa agenda o compromisso de continuar seguindo o fio da série “Let’s go Back to the Start” pelos mais de 25 anos de banda, vai? Rs.

No nosso próximo encontro, acompanharemos bem de perto uma era bem diferente de tudo o que já haviam feito antes: a icônica e politizada ‘Everyday Life‘, que aborda temas sensíveis e corajosos, como religião, preconceito, imigração, violência policial… Com toda essa humanidade aflorada, fica fácil demais amá-los, não?

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