Chris Martin no Howard Stern – parte 5

28 março, 2012

Continuação da entrevista que Chris concedeu a Howard Sten.

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[Howard] Mas, às vezes, quando você está num hotel, durante uma turnê mundial, você não pensa ‘P***, o que que eu estou fazendo aqui? Eu sinto saudade dos meus filhos’.
[Chris] Sim, acho que todo mundo pensa isso.
[Howard] Deve ser duro!
[Chris] Nem tanto. Não é como estar no exército ou trabalhar numa mina. Eu pego um vôo e volto para casa. Tranqüilo. Tudo bem com a gente.
[Howard] Não sei, cara.
[Chris] Sem preocupação! [risos]
[Howard] Eu me preocupo com você! Você lê as manchetes nos tablóides sobre vocês? Sobre o casamento de vocês ter chegado ao fim ou coisa assim?
[Chris] Não!
[Howard] Você sabe o que você tem e fica satisfeito com isso? Você não tenta negar: ‘Olha, pessoal, pára de jogar pacman um pouco e vamos fazer uma coletiva de imprensa’.
[Chris] ‘Pára de jogar pacman’, eu gostei disso.

[Howard] O nomo do álbum é… Aliás, você disse que esse título não tem significado nenhum.
[Chris] Eu não disse… Depende de quem está perguntando. Algumas pessoas me perguntam de um jeito agressivo, então, eu simplemente respondo ‘Fo**-se, por que eu te responderia?’.
[Howard] Então, realmente, tem um significado?
[Chris] Bom, se você me perguntar com jeito, eu posso te falar.
[Howard] Ok: por favor, me diz o que isso significa.
[Chris] A gente se inspirou bastante nas pessoas que fazem arte urbana, como grafitti.
[Howard] Banksy e afins?
[Chris] Todo mundo, desde Taki 183 e outras pessoas de Nova York. Então, a gente pensou: ‘A gente precisa criar uma tag [basicamente, assinatura do artista, geralmente, o seu pseudônimo]. Foi assim que surgiu Mylo Xyloto. E o nome Xyloto vem de ‘xilofone’. Foi uma tentativa de criar um personagem para a gente, uma persona musical para a banda.
[Howard] Se você fosse um artista de rua, o seu pseudônimo seria Mylo Xyloto porque seria um fora-da-lei por que artistas de rua são foras-da-lei, em um certo sentido. E você deve gostar disso porque todo o seu piano está coberto de arte urbana. E você não acha que nenhum artista de rua está infringindo nenhuma lei ou desfigurando as ruas?
[Chris] Não, os artistas urbanos bons, não. É como em qualquer ramo, na música, no rádio: tem os bons profissionais e os péssimos.
[Robin] É, as pessoas têm que começar em algum lugar, mas algumas começam mal.
[Chris] Mas tem uma grande diferença entre, por exemplo, desenhar um bigode na Monalisa e pintar um belo mural.

[Howard] Mariann, do Brooklyn, você está no ar.
[Mariann, por telefone] Meu Deus, ganhei o meu dia to-tal! Chris, eu te amo muito [?].
[Howard] O que você faria com o Chris sexualmente se ele do nada se divorciasse da esposa e você se divorciasse do marido? Descreva para ele para que ele fique excitado.
[Mariann] O meu filho ama vocês. [inaudível]
[Howard] Você fica excitado – cala a boca, Mariann – obrigado, Mariann. Ela te uma voz de corvo.
[Chris] Por que voce desligou, cara?
[Howard] Você ouviu essa voz?
[Chris] Bom, eu fico contente com isso.
[Howard] É que eu não agüento quando só tem gente gritando por você. Todo mundo devia estar é gritando para mim.
[Chris] É verdade, cara
[Howard] Você conhece o meu ego.
[Chris] É vingança masculina.

[Howard] Enfim, quando as pessoas dizem algo do que a Mariann disse, ‘meu filho tocou uma música de vocês no casamento dele’, você acha que esse é o melhor tipo de elogio?
[Chris] Sim.
[Howard] Quando você ouve algo desse tipo no elevador ou algo assim, você pensa ‘Uau, eu sou mesmo popular’.
[Chris] Sim… A resposta honesta é que, na maior parte do dia, eu não fico sabendo das reações do público, eu não sinto que a nossa música tem algum impacto sobre alguma pessoa porque a gente está dentro de um ônibus ou se deslocando para algum lugar. Enfim, a gente está sozinho. É por isso que tocar ao vivo é tão importante: é o único momento em que…
[Howard] Em que você consegue algum ‘feedback’.
[Chris] Isso. Ou quando alguém diz algo desse tipo. Eu sempre penso que todo mundo odeia a gente. Não estou brincando, não estou brincando.

[Howard] Você acha que as pessoas odeiam vocês?
[Chris] Às vezes, sim.
[Howard] Eu fiquei curioso: qual é a crítica em relação a vocês?
[Chris] Bom, acham que a nossa música é ruim, simples assim.
[Howard] Eu não acho que a música de vocês é ruim. E isso é bastante pesado porque, em certo sentido, se dizem que a música de vocês é ruim, estão meio que dizendo que vocês mesmos são ruins.
[Chris] Isso. Não tem como revidar isso.

[Robin] Quando vocês estão entre quatro paredes, criando novas músicas, você deve ficar com medo: ‘Será que essa vai ser a música que não vai funcionar’?
[Gary] Eu vi uma entrevista hoje na CBS e disseram que, numa edição de 2003 do New York Times, rotularam vocês como ‘a banda mais insuportável do milênio’.
[Howard] Você leu isso?
[Chris] Eu li, sim.
[Howard] Ou o Gary está fazendo a revelação para você? [risos]
[Chris] Na verdade, foi a última crítica que eu li.
[Howard] Então, você parou de ler críticas?
[Chris] Eu parei de ler elas de cabo a rabo [risos].
[Howard] É quase impossível ignorar elas.
[Robin] Mas as pessoas vão acabar te contando, não é?
[Howard] Dizem que você não pode acreditar só nas boas porque, se você acredita nas boas, precisa acreditar nas ruins também.
[Chris] Desde que haja essa variedade, tudo bem.
[Howard] Me dá uma resposta definitiva: você evita todas as críticas, todas as resenhas nos jornais sobre o Coldplay?
[Chris] Sim, mas eu posso me confundir e acabar lendo uma manchete por acidente.
[Howard] Você se sente torturado? Ou seja, você se importa demais com o que as pessoas acham de você?
[Chris] Não, como eu disse, eu me importo mais com as pessoas que gostam das músicas.

[Howard] Você consulta algum psiquiatra?
[Chris] Ocasionalmente.
[Howard] Isso ajuda?
[Robin] Como consultas ocasionais podem ajudar?
[Chris] Esse é a maneira inglesa.
[Howard] O seu psiquiatra nunca disse que você precisaria ir com mais regularidade?
[Chris] Não, ele não faz isso.
[Howard] Qual é o nome dele? Porque eu gostaria de me consultar com ele. O meu psiquiatra não me deixa fazer nada além de me consultar com ele todos os dias.
[Chris] Você realmente vai todos os dias?
[Howard] Eu costumava ir quatro vezes por semana, mas eu disse, ‘Olha, eu preciso começar a só vir três dias por semana. Eu sou um cara ocupado’.
[Chris] Eu não acho que haja alguma necessidade disso.
[Howard] Não, eu também não acho que ele precise de mim como paciente.
[Chris] Você vai no psiquiatra, Robin?
[Robin] Não, eu deixo ele ir e fazer toda a terapia.
[Chris] Vocês estão trabalhando há mais ou menos trinta anos, não é?
[Robin] Algo assim.
[Chris] Isso é incrível.
[Howard] É, é ela que faz com que eu continue seguindo em frente. Se ela não estiver do meu lado, eu fico em apuros. Enfim, críticas são um pé no saco.
[Chris] Mas você está prestando muito atenção nela porque é apenas uma parte pequena, é um pequeno calcanhar de Aquiles num universo que, do contrário é incrível.
[Howard] Se você ficasse de cara com um grande detrator do Coldplay, o que você faria? Daria uma surra no cara?
[Chris] Não, cara, eu não dou a mínima.

[Howard] Ok, certo, fim de conversa, então. Enfim, o título do álbum novo realmente tem um significado e o novo single é Paradise. É uma música sobre a sua esposa, é claro [risos]. Descreva detalhadamente a primeira vez de vocês. Paradise é sobre, isso, não é?
[Chris] Bom, eu não acho que ela gostava de [??] [risos].
[Howard] A sua esposa, que a gente nem sabe quem é, tem umas certas preferências. Você já compôs alguma música sobre isso?
[Chris] Tem algumas coisas que eu preciso deixar claras nesse programa! Eu sempre soube que precisaria ir no Howard Stern e deixar tudo claro sobre o álbum.
[Howard] Ué, por que a gente não simplesmente deixa tudo público? Você poderia tocar o novo single para a gente? Você quer dizer alguma coisa sobre essa música? Ela surgiu em dez minutos?
[Chris] Sim, na verdade, foi isso que aconteceu. Eu recebi uma ligação de uma pessoa me perguntando se eu queria compor uma música para o vencedor de um certo programa de tevê. E eu disse ‘sim’.
[Howard] Como assim?
[Chris] Eu não posso ser mais específico.
[Robin] É um daqueles programas em que a pessoa precisa de uma música nova para cantar.
[Chris] Me perguntaram se eu estaria interessado em compor uma música para o vencedor de um show de talentos. E eu disse ‘É claro!’. Foi assim que Paradise surgiu, bem rápido. Mas, quando eu terminei, eu pensei ‘Nossa, eu gosto demais dessa música’.
[Robin] Não dá para ceder essa música!
[Howard] Deixa eu ver se eu entendi, porque eu sou meio grosso. Estou chutando que alguém do American Idol ou algum show desse tipo falou com você e disse que ‘O vencedor precisaria cantar uma música original. Você nos honraria compondo uma música?’. Você teve a intenção de compor uma música para eles e fez isso, mas pensou ‘Essa música é tão boa, que –’
[Chris] Eu não disse ‘tão’.
[Howard] ‘– fod**-se eles, eu vou ficar com a música’.
[Chris] Não, quando eu terminei, eu só pensei ‘Vamos ficar com essa música’.
[Howard] Tá certo. E o que ver a ser esse ‘paraíso’?
[Chris] É sobre quando você está passando por problemas, dificuldades. Sabe no Shawshank Redemption [filme, que, no Brasil, foi lançado com o título Um sonho de liberdade], quando o Tim Robbins [ator que interpreta o personagem Andy] está na solitária e sonha com o Mozart e ele ‘Ótimo, eu tenho toda a música na minha cabeça’. A inspiração veio dessa música.
[Howard] Isso quer dizer que a idéia é que o paraíso está na sua cabeça e, por isso, ninguém pode tirar isso de você.
[Chris] São todas as coisas –
[Howard] – às quais você pode se ater. Parece que é sobre a sua esposa…
[Chris] Alguma coisa estranha acabou de acontecer com o meu ouvido.
[Howard] O que aconteceu?
[Chris] Eu não sei. Você quer que eu toque Paradise? [Chris começa a tocar Paradise em aproximadamente 8:44] Desculpe, eu não consigo terminar essa parte.

[Howard] Lindo! Uma música assim em dez minutos, hein? O que aconteceu? Alguma coisa na sua garganta?
[Chris] É. Sinto muito.
[Howard] Você ficou é emocionado, não é? Enfim, o novo álbum. Como se pronuncia? ‘máilou záilotou’?
[Chris] Isso, ‘máilou záilotou’
[Howard] Isso que é trava-língua. Quem são os seus amigos hoje em dia? Sting [??]
[Chris] Não sei da onde você tira essas idéias.

[Howard] Quem são os seus melhores amigos?
[Chris] Eu sei que isso é um clichê, mas são as pessoas na banda.
[Howard] Oh e não a sua esposa. Que interessante. [risos]

[Robin] Você nunca saiu com a Madonna? Ouvi dizer que ela e a Gwyneth Paltrow são amigas.
[Chris] Não, eu nunca saí com a Madonna. O que você está querendo dizer? Você está perguntando sobre amigos famosos?
[Howard] Um dia você vai me convidar para as festas que vocês dão e–
[Chris] Do que cara**** você está falando? [risos]
[Howard] Estou falando do seu grupinho de amigos.
[Chris] Eu queria ser ‘eu’.
[Robin] Você, a Beyoncé, o Jay-Z…
[Chris] Bom, o Jay realmente é meu amigo
[Howard] O Jay-Z é seu amigo? E por que vocês não me convidam para alguma festinha? Eu poderia sair com a Gwyneth. Eu vou te contar uma coisa: eu estava numa festa com a Barbara Stricing [??] e a gente ficou jogando conversa fora [Stern usa uma gíria que Chris desconhece] por duas horas.
[Chris] Vocês o quê por duas horas?
[Howard] A gente ficou jogando conversa fora. “Você não fala italiano” [provavelmente uma fala do filme Bastardos Inglórios]. Enfim, a Gwyneth não deixou você conhecer a Madonna? Ela esconde você? Você envergonha ela?
[Chris] O quê? Estou confuso por essas oito perguntas.
[Howard] Você tem um monte de estrelas como amigos, não?
[Chris] Eu tenho um monte de amigos, mas você não quer saber dos meus amigos que são pessoas comuns, não é?
[Howard] Não. Eu já tenho o suficiente disso. Eu quero saber das festas.
[Chris] E quando é que a gente dá essas festas?
[Howard] Eu não sei. Não sou eu que participo dessas festas.
[Chris] Ok, você está convidado daqui em diante.
[Howard] Eu vou me comportar. Eu sou como me portar. Eu não tenho que fingir que eu não dou a mínima. Eu sou um cara inteligente, eu não tenho que entrar no joguinho de ninguém. Escreva uma música sobre isso.
[Chris] Ok. “Play the game/When you’re with famous people, act the same/Don’t let them know that you think they’re special”.

[Howard] Veja, você é um cara encantador e muito talentoso.
[Chris] Mas é que eu estou sendo legal com você.
[Howard] Às vezes, você age como um imbecil?
[Chris] Na maioria das vezes.
[Howard] Você é mal com a banda?
[Chris] Não mal, mas acho que às vezes eles ficam frustrados – a maioria dos vocalistas acaba enlouquecendo a banda.

[Howard] Eu vi coisas boas sobre vocês. É verdade que 10% dos lucros de vocês são doados?
[Chris] É verdade.
[Howard] Isso é muito legal.
[Chris] Por outro lado, a gente não doa os outros 90%, então… Depende do ponto de vista que você olha para as coisas.

[Howard] Você já deu umas porradas nos outros membros da banda?
[Chris] Não.

[Howard] Você tem alguma paranóia em relação às suas mãos? Porque você toca violão piano. Você se preocupa muito com elas?
[Chris] Engraçado você perguntar isso, eu acho que, quando for a hora, vai ser a hora.
[Howard] Como assim?
[Chris] Eu simplesmente penso que, quando chegar a hora, não tem mais o que fazer.
[Howard] Você chegou a essa conclusão por pensar que você se preocupa demais com as suas mãos?
[Chris] Eu tenho um pouco de TOC [transtorno obsessivo-compulsivo]. Eu sei que você tem também.
[Howard] Eu vi que você passou alguma loção nas suas mãos.
[Chris] Não, era alguma coisa para passar na minha garganta, mas eu pensei que você fosse perguntar alguma coisa sobre isso. […]

[Howard] Estou vendo tudo o que você está fazendo. Você sofre de TOC? Você sofre com germes?
[Chris] Não, não muito com germes, mas com números e coisas do tipo.
[Robin] Como rituais, números e afins?
[Chris] Mas eu melhorei em relação a isso.
[Howard] Mas muito do seu TOC deve ter a ver com doenças e medos, não é? Você fica preocupado com a sua garganta porque você tem que cantar e tudo o mais.
[Chris] Mas não mais do que todo mundo. Ninguém quer subir no palco em mau estado. […] Você precisa da sua voz.

[Howard] Qual é o seu lugar preferido para tocar?
[Chris] Qualquer lugar em que haja pessoas.
[Howard] Você não se importa.
[Chris] Se alguém quiser ir am algum show, eu fico contente em ir lá e tocar.

[Robin] Você já esteve em alguma manifestação do Occupy Wallstreet?
[Chris] Sim.
[Robin] É mesmo?
[Chris] Mas eu vou falar a verdade. Foi há duas semanas e eu estava de shorts porque eu estava correndo. Eu fiquei pensando ‘Eu não sei se há pessoas como eu aqui, especialmente vestindo shorts’.

A 6ª (e última parte) será publicada na sexta-feira (30) e, no dia anterior, no fórum. Quaisquer incorreções, é só dizer.

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