Seguindo a sua série de entrevistas, o Coldplaying.com conversou com o roadie Miller. Confira a tradução no link abaixo.
Certa vez, o Miller disse que tinha um HD imenso como gravações demo. É ele, então, o responsável por arquivá-las? Quantas versões de uma única música são gravadas até se chegar à versão final? Qual foi a música que mais mudou desde a primeira gravação até a gravação definitiva? – Anna Reitze
Eu gravo todas as passagens de som quando a banda está em turnê e eu mantenho uma biblioteca virtual de tudo que é gravado e que pode acabar virando uma música nova – desde o Will tocando bateria em um palco vazio, acompanhado de um eco interessante até a banda inteira tocando uma música que ficou no forno por meses. Da mesma forma, tem uma biblioteca virtual que armazena todas as idéias e trabalhos em progresso,]. A evolução das músicas é, antes de mais nada, função da mudança de atmosfera e de atitude. Por exemplo, Lost começou com um piano delicado, mas expressivo e acabou como uma música completa e ousada – mas os acordes, letra e melodia se mantiveram quase completamente intactas. Mas eu tenho que admitir (fungindo um pouco da pergunta) que as minhas gravações preferidas são das músicas descompromissadas que a banda faz em meio à equipe. Em geral, elas surgem na hora e são muito, muito engraçadas. Acho que quase todos de nós ganharam uma música em algum momento, em todos esses anos. Pessoalmente, a minha preferida é “Don’t go sailing with Brian Leitch”. Ela foi dedicada ao antigo técnico de iluminação da banda, depois de terem contado para ele sobre um incidente com o seu amado iate, que foi parar nas mãos da guarda costeira…
Eu realmente amo todas as suas contribuições para o Coldplay.com. Você está planejando algo especial para a próxima era? – Angie Castille
Obrigado, Angie. O melhor de se trabalhar com a internet é a velocidade com que as coisas se tornam possíveis. Toda vez que nos preparamos para uma nova turnê, todo o universo online está diferente. Há coisas muito empolgantes sendo discutidas agora que nem sequer poderíamos ter concebido na época do VIVA ou do X&Y. Da mesma forma, as idéias que naquele tempo pareciam ambiciosas demais agora dispõem de maneiras muito realistas de serem concretizadas. Todos parecem bastante empolgados em tornar o Coldplay.com absolutamente fantástico nos próximos anos e eu mal posso esperar por isso!
Sinto curiosidade em saber se algum de vocês mantém algum diário pessoal de turnê. Temos conhecimento das impressões do Roadie 42, do oráculo e do anchorman, mas eu gostaria de saber se, alguma vez, eles escreveram as suas próprias memórias para eles mesmos, para que não fosse compartilhado com ninguém. Não necessariamente um diário de turnê, mas quando algo memorável acontece, vocês registram por escrito? – Kimberly
Basicamente todas as minhas idéias acabam encontrando caminho para chegar no site. Eu realmente considerei manter um diário pessoa, mas, sério, não tem tantas horas no dia!
Você acha bizarro que fãs te reconheçam e queiram fotos suas tanto quanto querem da banda? – Jen Betley
Hmmm, bom, obviamente, eu não faço idéia do que você está falando. O que eu realmente sei é o que o Roadie #42 é um cara bem tímido, o que é, em parte, o motivo para ele escrever com um pseudônimo. Ele nunca quis escrever sobre ele mesmo; são apenas suas observações a respeito da banda e sobre o público, então o blog é menos *sobre* do que sobre o mundo com que ele interage todo dia. Às vezes, ele se sente meio culpado quando as pessoas o tratam tão amigavelmente, então ele sai à francesa – manter o ar de mistério é muito importante! ;-)
Minha pergunta é meio egoísta, mas eu gostaria de saber se você poderia dar algum conselho para alguém procurando trabalho na indústria fonográfica, especialmente na parte administrativa. Eu estou quase me formando na faculdade e estou decidindo quais passos seguir para ficar mais próximo de realizar o meu sonho de trabalhar para uma banda tal como você faz. Obrigada! – Chelsea Gilchrist
Eu nunca estive envolvido na parte administrativa da coisa, mas eu tenho certeza que ela não é muito diferente do mundo dos contra-regras, onde todo surge sem saber o que fazer – tudo o que você tem que fazer é chegar lá, pôr a mão na massa e aprender com o trabalho. Você deve aproveitar qualquer chance que você tiver para entrar em contato com as pessoas que fazem o trabalho que você almeija – mesmo que você se sinta meio nervosa no começo. Perto de você, deve ter uma casa de shows que agenda apresentações de bandas, uma rádio ou uma firma de agentes. Apresente-se e pergunte se tem algo que você possa fazer. Sempre faça perguntas, esteja sempre entusiasmada e nunca pense que você só está pegando os trabalhos ruins. Quase toda experiência é uma boa experiência, desde que você aprenda alguma coisa com ela. Eu gostaria de poder dizer que você não precisa mais estar nos grandes centros urbanos para se envolver na indústria musical, mas, infelizmente, esse ainda é o caso. Eu cresci numa cidadezinha litorânea bem longe de Londres. Eu tinha alguns amigos que também queriam fazer música e tudo sobre o que conversávamos era escapar dali e ir para Londres. Eu podia ter ficado na minha cidade e também teria conseguido trabalhar com música, mas, sinceramente, eu não teria tido as mesmas oportunidades que eu tive aqui.
Muitos dos instrumentos usados na música Viva La Vida parecem distorcidos ou soam como uma combinação de instrumentos que nem sempre eles tocam. O piano que acompanha a música parece que foi refinado e a parte instrumental a partir de 1:38 parece uma combinação de guitarra, steel guitar e cravo com distorção. Quais instrumentos foram usados e/ou refinados em Viva La Vida? – Phil Stewart
Tenho quase certeza que o som que você está falando é o ‘Tack Piano’. Ao invés de ser um piano com som distorcido ou processado por algum equipamento de estúdio, é um instrumento de verdade que viva na Bakery. Rik Simpson, o engenheiro de som e co-produtor do Viva me disse que a primeira vez que o Chris tinha usado um piano desse tipo tinha sido em Nova Iorque, num estúdio chamado The Magic Shop. Sua sonoridade e ataque únicos são oriundos dos martelos de madeira que batem nas cordas, que realmente têm tachas [tacks]. São essas as fontes do som delicado e luminoso. Nas suas palavras, semelhante a um cravo. Quando a banda voltou para Londres, eles compraram um piano barato e uma caixa de tachinhas e fizaram o seu próprio tack piano. Ele também está no riff principal de Lovers In Japan. Para levar esse som para a turnê, Rik gravou cada uma das notas do piano da Bakery e fez um sampler que é tocado pelo tecladinho que fica perto do Jonny no palco.
Olá, eu sou uma grande fã das adoráveis fotos que você põe no site e no blog. Você tem uma formação especial para fotografia e gravação de vídeos? Você trabalhou em outros grandes projetos no passaod? – Kara Thomas
Muito obrigado, Kara, você é muito gentil! Não passei por nenhuma aprendizagem formal em fotografia ou filmagem. Eu sempre tirei fotos, já que meu pai foi um fotógrafo entusiasmado e ele sempre me explicava como funcionava o lado técnico da coisa. Eu também fazia vídeos de bandas de amigos quando eu estava na escola. (Costumava ser possível alugar câmeras de vídeo dando o passaporte dos seus pais como garantia!) Mas eu realmente tive uma formação em produção de vídeo, que foi o que me levou ao trabalho com o Coldplay. E eu também descobri, xeretando a edição de fotos e vídeos, que muitas das técnicas que você usa fazendo música têm semelhanças com o lado visual das coisas. Por exemplo, brincando com o EQ para fazer um instrumento soar menos turvo e mais nítido é muito parecido com brincar com as cores e contraste em fotos e vídeos para deixá-los mais agradáveis. Depois que você se acostuma a ficar na frente do computador apertando botões até você gostar do resultado, você está pronto para tentar basicamente tudo o que quiser… Agora que todo mundo pode ter um estúdio de gravação, um quarto escuro para revelar fotos e um editor de vídeos no laptop, todo mundo pode fazer tudo. Não acho que todo mundo vai pensar como um “fotógrafo” ou como um “engemnheiro de som”, mas que todos poderão produzir algum conteúdo. Eu fiz algumas coisas com outras bandas desde que comecei a trabalhar com o Coldplay, mas, para ser sincero, eles me mantém tão ocupado que, desde 2002, quase tudo do laptop é material deles!
Qual é a sua experiência mais memorável desde que você começou a trabalhar com o Coldplay? – Deshani.
Essa pergunta é bem difícil de responder, já que ainda estamos no meio do que será, sem dúvida, uma fase incrível da minha vida. Acho que o período mais intenso e empolgante foi a minha primeir turnê nos EUA, em 2002, quando eu tinha acabado de conseguir o emprego. Nunca tinha ido aos EUA e basicamente toda semana nós fazíamos um show maior do que “o maior show que eu já tinha feito” anterior. Estava na cara que eles seriam algo especial (depois de ter trabalhado anos para bandas que nunca “chegaram lá”). Era incrível estar ao lado de pessoas que queriam trabalhar tanto e que sempre eram recebidos entusiasmada e carinhosamente, em qualquer lugar que iam. Também não foi ruim compartilhar essa experiência ao lado de pessoas tão amáveis!
O que você gostaria para o Natal? – emily parker
Bom, estou dando essas respostas no dia 29, então o Natal meio que já passou. Os dias que amtecederam o Natal foram excepcionalmente caóticos esse ano, com o lançamento da música e toda a loucura da gravação de vídeos, apresentações de TV e de rádio, a preparação para shows e tudo o que vem junto com isso. Eu estava ansioso por voltar para casa e hibernar – e é exatamente isso que eu fiz!