Neste domingo (30), o Viva Coldplay apresenta a série “Let’s go back to the start” aqui no site. No Instagram, a iniciativa começou um pouco antes, no dia 18 de abril, por meio de uma publicação que destacou a biografia do guitarrista Jonny Buckland. Na sequência, todos os integrantes do Coldplay ganharam um episódio, o que coincidiu com a proposta de ‘começar do início’ a fim de mostrar, para fãs mais recentes, o caminho que o Coldplay percorreu até se tornar uma das maiores bandas do mundo!
Agora, a série vai mergulhar ainda mais na trajetória da banda até aqui, apresentando publicações mais detalhadas no site e passeando por diferentes temas e períodos da carreira — o que aponta para um período antes mesmo do álbum “Parachutes”.
LET’S GO BACK TO THE START
Episódio 5: Começando do começo – quando não havia nem “Parachutes”
Já faz alguns anos que o Coldplay se apresenta em mais de um palco nos shows. A intenção disso é conseguirem se aproximar, fisicamente, de mais pessoas que vão assisti-los ao vivo. Eles, então, distribuem dois palcos ‘alternativos’ em pontos inusitados da arena/estádio. Um deles é o palco C, um palco bem pequeno onde a banda costuma performar músicas mais acústicas.
E por que estamos falando sobre esse palco C? Porque nele o Chris geralmente engata um discurso mais ou menos assim: “estamos aqui nesse palco que tem aproximadamente o tamanho do cômodo onde tocávamos juntos há mais de 25 anos, quando ainda éramos estudantes”.
Foi em 1996 quando tudo começou: quatro estudantes da University College London, cada um matriculado em um curso diferente, tocando juntos em um dormitório da faculdade.
Hoje o Coldplay é uma das maiores bandas da atualidade (para nós, fãs, sem dúvida é a maior!). Mas foi preciso percorrer um looongo caminho para se chegar nesse momento de tanto reconhecimento.
Então vamos voltar juntos no tempo? Ou melhor, que tal “let’s go back to the start”? rsrs. Apertem os cintos que nossa viagem vai nos levar para exatos 27 anos atrás.
Tudo começou em 1996 com Chris e Jonny, que já eram bastante amigos mesmo antes de começarem a tocar juntos. Chris cursava “Estudos do Mundo Antigo”, enquanto Jonny era estudante de Astronomia.
A jornada musical da dupla começa com um nome nada comum, Pectoralz. Ainda bem que, logo em seguida, Guy – que era vizinho de quarto de Jonny e cursava Arquitetura na época – se juntou a ambos e esse nome ficou para trás, rs.
E quem está faltando nessa história? Nosso querido baterista Will, claro!
Will estudava Antropologia. Sabendo que Chris, Guy e Jonny fariam uma espécie de audição para encontrarem um baterista, Will convidou seu colega de quarto, que tocava bateria, para aderir ao encontro. E não é que o colega faltou ao compromisso combinado?
Envergonhado pelo bolo do amigo, Will assumiu a bateria para o encontro não ser desperdiçado, mesmo que sua intenção inicial fosse ser guitarrista. Dali em diante, porém, ele nunca mais largou a percussão.
O quarto do Jonny era a base para os ensaios. Ensaiavam também em parques, dormitórios, porões… E, acredite se quiser, até banheiros!
Os 4 começaram como qualquer outra banda começa: tocando em qualquer canto que esteja disposto a recebê-los. Então os passos iniciais foram pubs principalmente, além de algumas cafeterias e restaurantes.
Se um dia você for a Londres, você vai querer conhecer este local aqui, o icônico The Laurel Tree. Foi neste pub que o Coldplay se apresentou pela primeira vez:
Embora o The Laurel Tree não seja mais um pub hoje, ele foi o palco inicial de muitas outras grandes bandas, como U2 e Oasis. E o curioso é que, quando o Coldplay se apresentou pela 1ª vez no local, em 16 de janeiro de 1998, eles nem se chamavam Coldplay ainda, e sim Starfish. Segundo Jonny, esse nome foi escolhido completamente no susto, apenas porque precisavam de um nome para a primeira apresentação que fariam juntos.
Depois de Starfish, a banda ainda se chamaria The Coldplay, nome que pegaram emprestado da banda de um amigo, Tim Crompton. Esse nome – que não tem exatamente um significado – foi retirado de um livro de poesias chamado Child’s Reflections. Ainda em 1998, decidiram abrir mão do “The”, tornando-se apenas Coldplay.
O ano de 1998 começou a trazer mais movimento para aqueles meninos de 20 e poucos anos. Em maio, com a astúcia do nosso querido Phil Harvey – que desde sempre foi considerado o “5º membro da banda” e, na época, já assumia o posto de gerente do grupo – lançaram o “Safety EP”.
Com uma tiragem de apenas 500 cópias e produzido com 1500 libras, o “Safety EP” foi o primeiro lançamento do Coldplay e contava com três faixas: “No More Keeping my Feet on the Ground”, “Such a Rush” e “Bigger Stronger”.
Enquanto isso, o single de “Brother’s and Sisters“, lançado de modo independente pelo selo Fierce Panda Records, ganhava popularidade. Com a ajuda do radialista Steve Lamacq, que adorou a sonoridade, a música alcançou a marca de nº 92 nas paradas britânicas.
O “Safety EP” ganhou o gosto de Dan Keeling – que, na época, agenciava artistas para a grandiosa gravadora britânica Parlophone, responsável pelo lançamento de ninguém mais ninguém menos do que os Beatles.
Dan Keeling sabia que tinha trabalho pela frente, mas resolveu apostar naquele som. Foi assim que, em abril de 1999, a EMI/Parlophone, assina com a banda a gravação de seu 1º álbum. O contrato foi assinado na Trafalgar Square, em Londres.
Já o contrato entre os advogados de ambas as partes foi assinado no Hyde Park em Londres, mais especificamente sobre pedalinhos no meio do lago Serpentine.
No fim de 1999, foi a vez de lançarem o “Blue Room EP”, que levava cinco faixas: dentre as já conhecidas “Bigger Stronger” e “Such a Rush”, entraram também as incríveis “Don’t Panic”, “See You Soon” e “High Speed”. Dessa vez, a tiragem conseguiu ser um pouco mais generosa: algumas fontes dizem 2000 cópias, enquanto outras indicam terem sido 5000.
Em seu livro “Roadie – a minha vida na estrada com o Coldplay”, Matt McGinn – responsável pela afinação de guitarra do Jonny por anos – descreve as impressões que teve ao conhecer os quatro pela primeira vez, em 1999:
“Ele [Chris] parecia um filhote gigante, divertido e brincalhão, com uma aura contagiante que parecia estar ligada na tomada o tempo todo. O cara fazia todos a bordo da van rolar de rir, ao mesmo tempo que era atencioso a ponto de me agradecer por jogar bola com ele. Guy, por outro lado, deu a impressão de ser carrancudo à primeira vista, mas rapidamente mostrou ser tranquilo e despreocupado. Will parecia ser sério e reservado, mas logo percebi que ele podia passar da invisibilidade à loquacidade de um momento para o outro. E Jonny, que tinha – e tem – aparência ainda mais amistosa do que todos os outros juntos, parecia achar engraçado tudo que eu falava”.
Tudo, absolutamente tudo, estava para mudar para aqueles quatro jovens. Os desafios da gravação de “Parachutes” (incluindo uma quase desistência do Will), as primeiras entrevistas e aparições na TV e o sucesso completamente inesperado – até mesmo para a própria gravadora – que o 1º álbum trouxe para o Coldplay você confere em breve no nosso segundo papo da série “Let’s go back to the start”.
Fonte:
Coldplay timeline. Disponível em: https://timeline.coldplay.com/. Acesso em abril 2023.
Entrevista com Debs Wild [2018]. Disponível em: https://www.coldplay.com/interview-debs-wild-on-discovering-coldplay/. Acesso em abril 2023.
MCGINN, Matt. Roadie. A minha vida na estrada com o Coldplay. São Paulo: Lafonte, 2011.
SPIVACK, Gary. Coldplay. Look at the stars. Nova Iorque: Pocket Books, 2004.