Nesta quinta-feira (12), o Coldplay divulgou um clipe para “Trouble in Town”. O vídeo mistura locações reais com um trabalho artístico primoroso da Millennium FX. A produtora criou um universo de personagens apostando em máscaras com maquiagem FX e próteses.
Com direção da irlandesa Aoife McArdle, o lançamento vem recheado de cenas que escancaram problemas que estão presentes nas cidades, e que são potencializados pela desigualdade. Pessoas sem teto e caos em um debate – que destaca políticos retratados como porcos – são alguns dos elementos que criam um questionamento crescente durante a produção.
O clipe ainda traz várias referências a conduta da polícia. Em uma das cenas, um personagem é abordado por um policial que age com abuso de autoridade e provoca uma perseguição pela cidade. A narrativa do clipe coincide com a composição da faixa, que apresenta uma gravação que na época foi divulgada no Youtube e que denunciou uma abordagem policial racista e truculenta. No áudio original, um homem negro é parado pela polícia após cumprimentar um suposto traficante de drogas.
No videoclipe, os personagens seguem a onda questionadora da canção. Entre os mais de seis minutos de clipe, um dos bichos sem moradia aparece lendo “A revolução dos bichos” (“Animal Farm”), obra lançada por George Orwell em 1945. No livro alegórico, publicado durante a Segunda Guerra Mundial, o autor tece uma crítica à Stalin por meio de personagens que são retratados como animas, mas que exploram as contradições do ser humano.
Um dos grandes acertos do vídeo de “Trouble in Town” é movimentar questões que criticam a maneira divergente com que as pessoas são tratadas, e ainda promover discussões a respeito de como elas têm o próprio governo agindo contra. Enquanto a faixa questiona questões como a obrigatoriedade e a proibição do hijab, além da forma com que as pessoas não-brancas são tratadas, o clipe investe em uma mistura desses elementos mostrando o medo da polícia e a perpetuação entre os extremos sociais.
Vem ver!
Assim como a faixa de estúdio, o clipe conta com as vozes do coral de crianças que moram em Joanesburgo (África do Sul) e que integram o “Esquema Comunitário de Alimentação e Educação” (“ACFS“, em inglês). Seguindo a esperança deixada pelas vozes da infância, o vídeo termina injetando positividade ao anunciar que todos os lucros provenientes da música irão para dois projetos: o “African Children’s feeding Scheme” e o “Inocence Project”. O primeiro projeto vem do já citado ACFS e atua para salvar crianças africanas da desnutrição, enquanto o segundo busca libertar pessoas que foram condenadas injustamente e ainda reformar o sistema criminal para evitar futuras injustiças.