Coldplay não sairá em turnê até que os shows sejam mais sustentáveis e ambientalmente benéficos

21 novembro, 2019

Em entrevista à BBC esta manhã, Chris Martin revelou que o Coldplay realizará uma pausa dos grandes shows até que a banda possa rodar o mundo com turnês que sigam boas práticas ambientais.

O vocalista do Coldplay concedeu a entrevista diretamente de Amã, capital da Jordânia, onde ele e os companheiros de banda se preparam para dois shows. Marcadas para amanhã, dia 22 de novembro, as apresentações coincidem com o dia de lançamento do álbum “Everyday Life” e serão transmitidas ao vivo através do Youtube.

Sobre o que motivou a decisão eco-friendly, Chris revelou ao correspondente Colin Paterson que as preocupações com o impacto ambiental foram decisivas para o grupo não considerar colocar em prática uma turnê para o álbum “Everyday Life”.

“Nós vamos tirar o próximo ano, ou até dois anos, para trabalhar em uma ideia que mostre como podemos tornar uma turnê não só sustentável, mas também ambientalmente benéfica”, pontuou Chris. “Todos nós temos que descobrir qual é a melhor maneira de fazer o nosso trabalho”, afirmou o vocalista, completando que a banda deseja que suas futuras turnês “tenham um impacto positivo”.

Chris Martin explicou que um dos maiores empecilhos para essa virada eco-friendly é o transporte que uma grande turnê exige e a consequente poluição que essa questão gera. Tentando encontrar soluções, Chris revelou que a banda tem o sonho de fazer um show que tenha a energia solar como principal fonte e que funcione sem qualquer plástico que é usado apenas uma vez e já é descartado.

“A nossa próxima turnê será a melhor versão possível do que deve ser uma turnê sustentável”, disse Martin. “Ficaríamos decepcionados se não fosse uma iniciativa neutra em carbono”.

Em um cenário em que a banda tem alcance para rodar o mundo com uma série de shows, as mudanças são muito mais complexas do que parecem. A “A Head Full Of Dreams Tour”, última turnê feita pelo Coldplay, por exemplo, empregou uma equipe de 109 pessoas. Para movimentar toda a estrutura, foram necessários 32 caminhões e nove motoristas de ônibus- que viajaram por cinco continentes. A banda tocou para mais de 5,4 milhões de pessoas em 122 shows realizados entre 2016 e 2017. As apresentações foram responsáveis por gerar 523 milhões de dólares, quantia que colocou a turnê na 5ª posição na lista de mais lucrativas da história.

Não há uma maneira 100% efetiva de calcular o quanto as turnês do grupo já causaram impactos ambientais negativos, principalmente quando se fala de carbono. Mas a BBC apresentou um estudo que considera apenas o Reino Unido e que mostra que lá a indústria musical gera 405.000 toneladas de emissões de gases de efeito estufa por ano. Considerando o lucro de mais de 523 milhões de dólares em sua última turnê, o Coldplay parece sinalizar que a banda está disposta a perder muito dinheiro ao deixar de fazer uma turnê para o álbum “Everyday Life” enquanto se propõe a pensar shows mais sustentáveis.

A iminência de um movimento eco-friendly por parte do Coldplay não surpreende, já que as turnês da banda já vão para a estrada apresentando alternativas que possam melhorar o mundo. Desde 2002, época da turnê do álbum “A Rush of Blood to the Head”, o Coldplay viaja com a Oxfam (uma organização global que luta contra a desigualdade e a pobreza). Nos últimos anos a Global Citizen também se tornou mais um exemplo de causa que o Coldplay defende e apresenta aos fãs durante as turnês.

Enquanto uma turnê mais sustentável não vira realidade, Chris Martin celebra os shows de amanhã na Jordânia. “Queríamos escolher algum lugar que fosse no meio do mundo e que normalmente não conseguimos tocar”, ele explicou.

À BBC, Chris ainda comentou que o álbum que será lançado nesta sexta-feira reflete a perspectiva global que a banda tem. “Se você tem o privilégio de viajar ao redor do mundo, então você sabe que nós viemos do mesmo lugar. De uma maneira britânica e gentil, eu posso dizer que esse álbum é uma forma da gente dizer que nós não nos sentimos diferentes de nenhum ser humano na terra, defendeu o vocalista, completando que algumas músicas do álbum foram inspiradas por reportagens da BBC News sobre um jardineiro do Afeganistão e um compositor Nigeriano: “O jornalismo, na melhor nas hipóteses, encontra histórias individuais que reforçam a nossa esperança na humanidade e em sua capacidade de compartilhar”.

Assista ao vídeo com a entrevista completa:

Além dos dois shows na Jordânia, o Coldplay já tem uma apresentação marcada no Museu de História Natural de Londres no dia 25 de novembro. Toda a renda da apresentação será doada para uma instituição sem fins lucrativos que atua no campo ambiental.

Com informações de BBC News.

Vitor Babilônia

Vitor Babilônia é Editor-Chefe do Viva Coldplay e Roteirista. Sua formação passa por instituições como Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Vancouver Film School. Ele é fã da banda desde 2004.

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