Na última sexta-feira (28 de outubro), foi televisionada uma apresentação do Coldplay no programa Later live… with Jools Holland (BBC). Confira em ‘leia mais’ as perfórmances de Hurts Like Heaven, Paradise, Charlie Brown e Every Teardrop is a Waterfall, além da tradução de entrevista com Jonny e Chris.
Jools Holland [JH]: Coldplay! Bem-vindos! É tão bom tê-los aqui novamente, juntamente com as garrafas vazias de cerveja que deixamos aqui em sua homenagem.
Chris Martin [CM]: Tomamos tudo…
JH: Além de outras coisas bem legais, como esse adorável álbum para combinar com a xícara de café. Eu adorei escutá-lo. Adorei a capa, a produção, as músicas. A única coisa de que não estou certo é a pronúncia do título.
CM: E do preço. O que você acha?
JH: Estou bem contente com o preço. Acho que é porque eu comprei um monte. Fiquei tão contente com o preço, que comprei vinte mil cópias. A minha previsão é que o álbum vai direto para o número um nesse final de semana.
CM: Se isso acontecer, vamos ficar muito gratos a você. Bom, o título é meio ridículo – mas é assim que a vida deveria ser – e a pronúncia é ‘máilou záilotou’.
JH: Ah, não é ‘mailócsilótou’? Achei que era alemão [?].
CM: Bom, pode ser alemão, se você quiser.
JH: Bom, fala de novo só para eu entender.
CM: ‘Máilou záilotou’.
JH: ‘Máilou záilotou’, ‘máilou záilotou’.
CM: Trabalhamos bastante com o Brian Eno e a filosofia dele é basicamente ‘não tenha medo de experimentar nada’, então, perguntamos a ele se e ele se importaria se intitulássemos o álbum com essa palavra nova e estranha. Ele disse ‘Não!’. Bom, eu não tenho certeza se ele estava ouvindo, mas ele disse ‘tudo bem’.
JH: O Brian Eno é um gênio por méritos próprios. Quais são os métodos incomuns que ele usa no estúdio?
Jonny Buckland [JMB]: Acho que o que ele faz basicamente conosco e com qualquer um com que está trabalhando é trazer à tona um certo tipo de entusiasmo com aquilo que você está fazendo. Quando começamos a trabalhar com ele, estávamos passando por um período meio esquisito em que estávamos tentando entender por que estávamos numa banda e o que estávamos fazendo. O que ele fez foi fazer com passássemos a gostar novamente de tocar juntos no mesmo lugar.
JH: Esse é o quinto álbum de vocês. Vocês diriam que ele é mais… Bom, o primeiro álbum foi meio que o álbum com que vocês conquistaram os fãs [?]. Não sei… É a minha impressão. À medida em que o sucesso vai crescendo, a pressão vai se acumulando.
CM: Não tenho certeza se é pressão. É essa nova onda de… Às vezes, não dá para perceber o quanto entusiasmadas as pessoas são em relação a música. De alguma maneira, você acaba se tornando o pior inimigo de uma pessoa só por tocar as notas erradas e isso leva algumas semanas para se acostumar. Isso acontece com motoristas [?], por exemplo: ‘Não gostei desse mi menor!’
JH: Esse é o tipo de coisa que não me importo que as pessoas briguem.
CM: Bom, eu sou de Devon. Lá, as pessoas não te ensinam isso. Você tem que ir se acostumando.
JH: Vocês não têm mi menor em Devon? Em Londres, a gente sempre teve mi menor.
CM: Onde eu cresci, só tinha três notas.
JH: Três?!
CM: Isso. Aí, compraram a quarta, em 1986. Eu estava pronto para a vida.
JH: Onde vocês foram aprender a quarta nota?
CM: Em Dorset.
JH: Bem no interior?
CM: Isso. Lá, te ensinam escala musical. Em Londres, a compor músicas pop.
JH: Voltando para os neologismos. Vocês inventaram essa interessante palavra nova para descrever o Brian Eno.
JMB: Na verdade, foi ele que inventou. A gente perguntou: ‘O que é isso que você faz?’.
CM: Bom, não desse jeito agressivo.
JMB: É. ‘Como você descreveria o que você faz?’.
CM: Ele faz um monte de coias. Não quero transformar isso em… É o Nicky Wire[…] ali. O Brian inventa coisas e ele inventou essa palavra, ‘enoxificação’[enoxification]. Ele é meio que o Dumbledore. Você leu Harry Potter? Talvez você seja meio velho para isso, mas tudo bem. Ele é meio que um Gandalf, Dumbledore…
JH: O Gandalf está n’O Hobbit, não é? E não em Harry Potter.
CM: É isso mesmo. Sabemos que você é um bruxo, Jools! Então, perguntamos se ele queria criar uma palavra própria para ele e foi assim que surgiu ‘enoxificação’.
JH: Se você estivesse conversando com o seu eu de dezoito anos ou o seu eu de quinze anos, que tipo de conselho você daria ao seu eu de quinze anos?
CM: Eu provavelmente diria… ‘Caramba, cara, quanta espinha!’ [?]. Não, é claro que eu não diria isso… Esse programa não é ao vivo, é?
JH: Não.
CM: Bom, o que eu diria para o meu eu de quinze anos é: ‘Não se preocupe demais, mas, na verdade, se preocupe demais porque é isso que faz álbuns. O meu eu de quinze anos diria: ‘Do que você está falando?’.
JH: ‘Você não sabe de nada’.
CM: ‘Quem é você?’.
JH: ‘Você se parece comigo’.
CM: ‘Você se parece comigo mais velho’. E sairia correndo.
JH: É, eu também.
JH: Não é maravilhoso receber o Coldplay aqui? Muito obrigado, Chris e Jonny!