Na última edição da revista britânica Q Magazine, foi feita uma lista do que o periódico considerou os 100 maiores “líderes de bandas” (frontmen). Contemplado com a 5ª colocação, Chris Martin concedeu uma breve entrevista à revista. Clique em ‘leia mais’ para conferi-la.
Além disso, foi publicada uma pequena nota a respeito da próxima gravação do Coldplay:
Dez segundos com Chris Martin…
‘Estamos no estúdio há seis meses. O Brian Eno está conosco, mas ele tem uma certa liberdade, então ele entra e sai de acordo com a sua própria vontade. Talvez a gente divulgue algumas das músicas antes do Natal… Está meio que um jazz fusion… Isso pode ser uma mentira, mas eu não ligo para uma mentira a mais na lista de mentiras!’
Mais do que simplesmente o “cara simpático do rock”, Chris Martin detém a posse de um carisma digno da estatura de Bono e uma certa inclinação para um drama musical grandioso
Com sua formação estudantil de ensino público e paixão por ioga, pode ser que Martin não seja dono de credenciais de um rebelde. Mas em apenas uma década, ele passou de músico-de-coração-aberto-compondo-baladas à posição de embaixador internacional do rock e que é capaz de comandar toda uma arena – apesar de passar a maior parte do tempo atrás de um piano. Fato: ele atribui o seu entusiasmo pelo falsete a um amor incondicional por Michael Jackson.
O que faz de um vocalista um grande líder?
“Isso vai parecer piegas, mas o que faz de um vocalista um grande líder é as pessoas por trás dele. Ontem eu estava conversando com a Natasha [Khan] do Bat For Lashes, que está em turnê com a gente, e nós dizíamos que se eu ou o Bono lançássemos CDs solos, seria uma grande tragédia. Ainda é exatamente a mesma pessoa cantando, mas o grupo é o que o torna aceitável. Se você me tira da banda… Eu não sei dançar, eu não consigo fazer o que a Beyoncé faz. Tudo o que faço é sobreviver à base de entusiasmo e uma química entre a banda. Todo líder de banda fica uma m**** assim que o membro mais apagado sai da banda.”
Qual foi o seu maior momento sendo líder de uma banda?
“Espero que ele aconteça daqui a duas horas. Vamos tocar no Brasil e também é meu aniversário. Mas o Glastonbury é difícil de superar. Há pessoas no mundo que não gostam do Glastonbury, mas em geral, são todos uns cretinos. A primeira vez que tocamos lá foi a melhor. No ano anterior, eu estava em um trem, voltando do dentista; eu tinha acabado de apertar o aparelho. Estava me sentindo um babaca. Estava voltando de Exeter para Londres, quando 6000 fãs do Radiohead entraram no trem, depois de sair do Glastonbury. Eu senti vontade de me esconder no banheiro. No ano seguinte, nós tocamos lá, então foi uma grande reviravolta. E eu finalmente tinha dentes bons.”
E o mais embaraçoso?
“Noventa por cento do dia é embaraçoso. Mas o momento mais embaraçoso para alguém no palco é quando ele duvida de si próprio. O pior momento que eu consigo pensar é Sheffield, em 2008. Eu estava no palco e, de repente, eu me senti como se tivesse 12 anos. Pensei: ‘O que eu estou fazendo aqui?’. Eu queria ir embora do palco, mas eu me virei e olhei para o Will [Champion, baterista do Coldplay] e ele fez alguma coisa com o rosto que me fez sentir que estava tudo bem. É por isso que nenhum vocalista não é nada sem o restante da gangue.”
Qual foi o melhor conselho que você já recebeu de outro ‘frontman’?
“O Michael Stipe me falou para usar calças mais apertadas. Fizemos isso e conseguimos um Número 1 nos Estados Unidos.”
O Bono já te deu algum conselho?
“O melhor conselho que o U2 nos deu foi ‘Se pareçam um pouco conosco por um tempo’. Tentamos isso perto do X&Y. Deu certo, mas tivemos de abandonar a tática bem rapidinho.”
Você tem algum ritual pré-show?
“Não temos nada além de rituais pré-show. Eu fiz 33 anos hoje, o que é meio velho para um cantor, então eu tenho que lutar contra o colesterol. Hoje eu tive de ir até um moinho e ligar ele usando nada além da força das pernas. A única coisa que eu consigo equiparar a isso é ajudar uma velhinha a empurrar um carro.”
Qual foi o objeto cênico mais ridículo que vocês já usaram?
“No ano passado, a gente tinha uma cabeça de dragão chinês. Eu saí do palco e disse ‘Cara, essa parte do dragão foi uma coisa, não foi?’. O restante da banda simplesmente permaneceu em silêncio.”
Você já vestiu alguma coisa no palco que causou arrependimento posterior?
“Além da cabeça de dragão? Não. Muito pelo contrário as calças justas funcionaram.”
A imagem é importante para o ‘frontman’?
“É importante, mas você pode sobreviver sem uma [risos].”
Quem é o maior ‘frontman’ para você?
“Não é o meu trabalho fazer essas listas, é o seu trabalho. C******: Wayne Coyne! Ele é o número um. Ele se aproxima da essência do que um show é: pessoas que saíram do trabalho e que querem se divertir. Não se trata de críticas ou vendas ou sobre quem é o maior; é fazer com que essas pessoas sintam como se eles não pudessem em nenhum lugar melhor nessas hora e meia. Wayne é o mestre nisso.”
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- Agradecimentos: Coldplaying