Com “Orphans”, Coldplay vence Melhor Clipe de Rock no VMA 2020

A banda conquistou o seu sétimo troféu Moon Person depois de vencer blink-182, Evanescence, Fall Out Boy, Green Day e The Killers

31 agosto, 2020

O MTV VMA 2020 aconteceu neste domingo (30). Em uma edição histórica, em meio à pandemia, a premiação estadunidense foi gravada predominantemente em palcos espalhados por várias partes de Nova Iorque e contou com medidas de distanciamento social – com plateia limitada. Os artistas que não podiam se deslocar para Nova Iorque, por exemplo o grupo sul coreano BTS, registraram suas apresentações em outras cidades.

De fora das performances da noite, Coldplay concorreu e venceu a categoria “Best Rock” (“Melhor Vídeo de Rock”, em português). Por meio de votação popular, a banda levou a melhor na disputa com “Happy Days” – da banda blink-182, “Wasted on You” – da banda Evanescence, “Dear Future Self (Hands Up) – da banda Fall Out Boy feat. Wyclef Jean, “Oh Yeah!” – da banda Green Day, e “Caution” – da banda The Killers.

“Orphans” foi lançada em outubro de 2019 como primeiro single do “Everyday Life” – álbum que o Coldplay colocou no mundo em novembro do mesmo ano. A canção foi carro-chefe do oitavo disco de estúdio da banda e o clipe foi dirigido por Mat Whitecross, nome que também foi o responsável por assinar a direção de “Paradise”, o outro clipe do Coldplay que também já venceu a categoria “Melhor clipe de Rock”. Com a vitória de hoje, a banda tem um histórico de sete prêmios Moon Person (como é chamado o troféu do VMA). As vitórias vieram com “Trouble” (1 troféu), “The Scientist” (três troféus), “Paradise” (1), “Up & Up” (1), e “Orphans” (1).

Além de Whitecross, a ficha técnica do clipe de “Orphans” conta com nomes como Bryon Werner, assinando a direção de fotografia; Misty Buckley, como responsável pela direção de arte; Hannah Clark, liderando a produção; e Tanisha Scott, assinando a coreografia. Já a composição da faixa reúne todos os integrantes do Coldplay e ainda Moses Martin – filho do vocalista Chris. Moses ainda está presente nos vocais de apoio da canção, assim como a irmã Apple Martin.

O clipe coincide com os vários significados da canção. A melodia vibrante do single engana quem não percebe a mensagem poderosa que há por trás. Nos primeiros versos, que se repetem no refrão, diversas vozes cantam “Eu quero saber quando eu posso voltar e ficar bêbado com meus amigos” – o que é potencializado em outra passagem que diz: “Eu quero saber quando eu posso voltar e me sentir em casa de novo”. Os versos dialogam com o questionamento de refugiados sírios, que sonham em se encontrar novamente com familiares e amigos dos quais eles foram forçados a se afastar. Isso aconteceu por conta dos ataques aéreos que assolaram a Síria em 2018 e que aprofundaram os conflitos que começaram em 2011 (e que nos anos seguintes se transformaram em uma grande guerra civil). No vídeo, é possível visualizar a banda a frente de uma projeção de bombas. Em outro momento, o quarto que em grande parte do clipe mostra a banda reunida dá espaço para várias referências do oriente médio.

Foto de Misty Bucley

O quarto, inclusive, foi um show à parte no vídeo de “Orphans”. A tecnologia usada no clipe se assemelha ao equipamento do filme “A origem” e de outros clipes, como “no tears left to cry” – da cantora Ariana Grande.

Foto de Ellie Pritts

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Ainda na letra de “Orphans”, o Coldplay apresenta Rosaleem dos damascenos (referência ao fato de ela ter origem em Damasco, capital da Síria). A jovem tinha olhos como a lua e o sonho de ir para as telas do cinema, porém morreu em uma chuva de mísseis Chris ainda canta sobre o pai de Roseleem. “Baba”, que também foi vítima do conflito, era um homem que sabia semear e que ia aonde as flores cresciam (o que também coincide com o nome Roseleem ter significado variante de rosa, uma flor). Triste e reflexiva, a composição constrasta com a melodia e estimula o pensamento crítico. Não por acaso a banda fez o show de lançamento do “Everyday Life” – álbum que trata da Síria e do Oriente Médio em geral – na Jordânia. O país está entre os 10 que mais receberam refugiados sírios.

A mensagem poderosa, no clipe e na música, é mais do que Rock and roll! Parabéns ao Coldplay, que contou uma história tão significativa em seu clipe. Parabéns, também, aos fãs – que votaram bastante para a banda se consagrar como vencedora da edição 2020 do VMA!

Foto de capa: Ellie Pritts.

Vitor Babilônia

Vitor Babilônia é Editor-Chefe do Viva Coldplay e Roteirista. Sua formação passa por instituições como Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Vancouver Film School. Ele é fã da banda desde 2004.

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