Relato do show no Chile! – A Head Full of Dreams Tour

06 abril, 2016

Maravilhoso. Espetacular. Incrível. Surpreendente. Eletrizante. Magnífico. Eu poderia seguir com uma série de adjetivos que qualificassem esse show do Chile, mas acho que esses já dão conta do recado em transmitir a ideia do que nos aguarda no Brasil.

Sem dúvida, o show mais bonito que já fui. Parecia que cada música guardava uma surpresa, seja por meio dos confetes de diferentes formatos e cores, das bolas de vinil coloridas, dos telões especialmente lindos dessa turnê, dos deslocamentos da banda entre os diferentes palcos. E, nessa turnê, a premissa de interagir com o público e fazer com que todos tenham uma experiência bonita parece ter atingido sua máxima.

A alegria dos confetes!

A alegria dos confetes!

Tudo começa com um palco já montado e, diga-se de passagem, já bem bonito à espera do espetáculo. Além dos instrumentos ornamentados com flores de diferentes cores e formas, o fundo do palco recebe essas mesmas flores em forma de cascata, seguindo um padrão de gradação por cores. Já as laterais contém as colagens da artista Pilar Zeta, reproduzindo a capa do álbum “A Head Full of Dreams”. Se eu não soubesse quem tocaria, diria que seria uma banda bem alto astral.

Flores e mais flores!

Flores e mais flores!

Lianne La Havas certamente vai surpreender quem não conhece, como eu não conhecia. Adorei a banda; para mim foi além de uma mera distração. As canções são muito gostosas, a vocalista faz questão de interagir com o público e, assim, os minutos de ansiedade extrema se diluem de certo modo. No entanto, a adrenalina volta com força total quando começa a tocar uma certa ópera bem famosa que sinaliza que aqueles serão os minutos imediatamente anteriores à entrada da banda (depois fiquei sabendo o nome dela: “O Mio Babbino Caro”, da norte-americana Maria Callas). Então preparem-se: começou a ópera, encham os pulmões de ar para impedir que o coração salte pela boca.

Como na Argentina, o Coldplay foi apresentado por locais minuto antes de subirem ao palco. Logo após a diminuição total das luzes, duas chilenas chamaram o grupo pelo telão, em vídeo gravado anteriormente. Segundos depois, as luzes das pulseiras já brilhavam com força máxima e os quatro assumiam suas posições para uma “A Head Full of Dreams” cheia de energia. Confetes picadinhos estouram à frente do palco e a gente já começa a ter a sensação de que não pode existir felicidade mais pura do que a de assistir à sua banda favorita ao vivo. Nesse momento, a exaustão da noite mal dormida desaparece, as pernas que ficaram em pé a maior parte do dia ganham força de novo, o empurra empurra da massa não importa. Ali somos todos um, todos na mesma entrega, todos sentindo aquela sensação interna de realização que só pode ser o amor preenchendo cada espaço do nosso corpo. Um vídeo (em qualidade bem questionável, mas era o que estava ao meu alcance na hora) do momento ópera + vídeo de apresentação da banda + parte de um monólogo do Charlie Chaplin + xylobands ativadas + entrada da banda + início de “A Head Full of Dreams”:

E assista ao discurso completo do Charlie Chaplin, bem bacana por sinal:

Uma parte bem engraçada foi o cover curtinho de “Ring of Fire”, emendada logo após “Til Kingdom Come” (Alô, Coldplay no Brasil em 2007!!!). Parece que o cover foi uma surpresa para a banda com exceção do Chris, quem puxou a canção. Ele começou os primeiros acordes no violão dizendo que dedicaria aquela música a seu pai e a cara do Jonny no momento foi tipo “OI???”. Reação mais espontânea impossível! No final, lançou um “dad, I love you” bem fofo, para fechar.

Em seguida de “Ring of Fire”, veio um dos momentos mais esperados do show: o request dos fãs! Uma fã chamada Macarena pediu “Don’t Panic” para o meu totaaaaal desespero, que nunca havia escutado ela ao vivo e está entre as minhas três canções favoritas da vida (todas elas do Coldplay, claro). Me arrepiei até à alma, foi um momento muitíssmo especial para mim. Me veio aquela sensação da importância e presença do Coldplay na minha vida, me senti muito agraciada pelo privilégio de poder vê-los ao vivo e desde um ponto de vista tão claro. Chorei pela maravilha daquela música, por tudo o que ela diz, pela oportunidade de estar ali naquele lugar e naquele momento. E, para deixar tudo ainda mais incrível, o Chris parou do nada a canção no primeiro refrão para dizer que escutaríamos algo muito raro, que seria o Jonny – “melhor guitarrista do mundo” nas palavras do próprio Chris (e nas nossas também, claro) – cantar. E ainda finalizou com um “Tu eres ‘uno’ milagro, amigo”, que carregou ainda mais a coisa toda de doçura. Imaginem se a plateia não foi à loucura? O momento foi registrado no vídeo de fã abaixo:

Adorei o cover de “Heroes”, do David Bowie. A música não foi tocada de modo inteiriço, mas Chris se valeu, no início da canção, de seu tom de voz mais grave (me perdoem a ignorância em relação aos termos técnicos), meio estilo “Yes”, e aí isso já me ganhou por completo. Ficou bem legal ao ser emendado com um interlúdio de “Midnight”.

“Adventure of a Lifetime” foi incrível, incrível, incrível – um dos pontos altos do show para mim. As bolas coloridas lançadas foram um espetáculo à parte. E, desde o meu campo de visão do show, o mais legal disso tudo foi a interação entre plateia e os seguranças que estavam entre o vão palco principal-grade. Foram os seguranças quem lançaram as bolas de vinil no início da música e, a cada vez que uma voltava, dava para ver a felicidade deles em lançá-las de volta à plateia. Várias bolas coloridas indo e voltando, todo mundo brincando com a situação – achei aquilo demais!

Vão animado no momento de Adventure of a Lifetime

Vão animado no momento de Adventure of a Lifetime

Um momento que me surpreendeu foi Paradise remix. Quando saiu a setlist da Argentina, pensei: “Nossa, o que eles estão caçando em tocar Paradise remix sendo que já tocaram ela normal antes na mesma apresentação? Que perda de tempo de show, poderia ter sido encaixada uma outra música fácil aí!” Mas… Me enganei. São experiências completamente diferentes. A Paradise sem modificações já havia sido tocada no show e, quando começou a versão remix, não houve quem não pulasse no estádio. Pulseiras acionadas, lasers estilo “Clocks” porém coloridos, plateia vibrando a 220V. Momento de energia carregada a nível máximo no estádio, muito legal!

Lasers coloridos em Paradise remix

Lasers coloridos em Paradise remix

Para mim, o ápice do show foi “A Sky Full of Stars”. Em um momento X da canção, Chris começou a fazer um sinal para o backstage, como se estivesse chamando alguém. Parece que quem estava ali ficou titubeando um pouco, porque o Chris continuou a insistir no chamado. Em seguida, cinco crianças entraram no palco. Consegui identificar somente a Nico, filha do Guy, mas suponho que as restantes sejam filhos de roadies. Foi um momento tão, tão, tão especial! As crianças tímidas, meio dançantes meio travadas… Uma fofura sem igual! No final da música, o Chris – que estava dando seus pulos na passarela – voltou para o palco principal e, antes de se sentar ao piano para finalizá-la, mandou beijos a todas elas. E, quando a música terminou, o Guy abraçou a Nico, lhe deu um beijinho e indicou a ela a direção da saída de forma muito meiga. Família participando de um show foi a primeira vez que vi, foi um momento carregadíssimo de ternura. Confiram um vídeo bem mais ou menos que fiz (emoções à flor da pele não me permitem mãos firmes, me desculpem):

“Amazing Day” me surpreendeu bastante. Confesso que nunca foi uma música que me conquistou, mas, ao vivo, achei ela bem interessante. O coro puxado pelo Chris faz a coisa ganhar vida. E a canção foi dedicada a uma pessoa amiga – eu escutei Justin, minha amiga Cris escutou Jessy. Titubeios à parte, houve um momento em que o Chris estava andando pela passarela e colocou as mãos pro alto e disse algo inaudível, apenas para si. Pareceu-me que ele estava agradecendo o momento ou algo assim, foi uma passagem bem bonita.

Nossa, e “Up&Up”. Para mim, a melhor canção disparada do novo álbum e uma das mais lindas do Coldplay. Que escolha para uma finalização! A única tristeza da canção é que, após ela, você sabe que será o fim e aí já bate aquela nostalgia antecipada. Mas não deixem de se entregar a ela de todo coração, pessoal! É um momento de beleza única, sem dúvidas.

Impressões gerais: Guy estava muito sorridente (!) e Chris também (como sempre). O show me pareceu bem curto, eu poderia ter ficado lá horas e horas a mais (e acho que o Coldplay tem suficientes músicas para isso). O show é muitíssimo animado, parece que foi minuciosamente pensado para as pessoas pirarem coletivamente. De modo geral, me chamaram muita atenção as imagens dos telões, especialmente as de “A Sky Full of Stars” e “Everglow”.

Uma das imagens no telão durante Everglow

Uma das imagens no telão durante Everglow

O relato veio com poucas fotos/vídeos porque as várias coisas acontecendo nesse período do Coldplay na América Latina não me permitiram muito tempo para separar o material. Mas é uma forma, também, de deixar a imaginação de vocês solta em relação ao que vai ser essa turnê. É certo que, independentemente do local que você for assistir ao show, a experiência será grandiosa. Sem dúvidas, o Coldplay vai fazer bonito. Nossa, e vai fazer MUITO bonito, gente.

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